O caso que choca o Noroeste do Paraná completa um mês e segue cercado de mistério. Três cobradores e o credor de uma dívida de terras desapareceram em Icaraíma, e até agora ninguém sabe ao certo o que aconteceu com eles. Enquanto a polícia aponta para um crime brutal, a defesa dos principais acusados garante que tudo não passa de uma perseguição.

As informações são do OBemdito. O advogado Renan Nogueira Farah, contratado por Antonio Buscariollo, 62, e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, 22, afirma que pai e filho — ambos foragidos com prisão preventiva decretada — são inocentes.
Segundo ele, os clientes sequer estiveram no local apontado pela polícia como cenário do suposto homicídio.
“Recebi informações suficientes para sustentar que eles não estavam no local apontado pela polícia como cena do crime, e isso poderá ser comprovado por extratos telefônicos, entre outros elementos”
disse o advogado Renan Farah.
A fuga da família Buscariollo, que abandonou casas e pertences em Vila Rica às pressas — roupas ficaram até no varal — foi justificada pelo advogado como forma de preservar a vida.
“Todos tiveram que abandonar suas casas e pertences porque estavam correndo risco. Já tinham recebido ameaças pesadas de pessoas que se identificaram como próximas dos cobradores”
relatou.
Em entrevista, Farah admitiu que inicialmente cogitou uma tese de legítima defesa, mas desistiu da ideia após ouvir os acusados. Ele garante que só houve um primeiro contato entre os desaparecidos e os Buscariollo no dia 4 de agosto e nega qualquer reencontro. O paradeiro dos foragidos, ele diz desconhecer.
“Eu pedi para não saber, porque essa informação não é importante para a defesa neste momento. Meus clientes correm risco de morte. As ameaças estão acontecendo”
afirmou o advogado.

A investigação encontrou notas fiscais de compras em grande volume feitas em Americana (SP), cidade onde vive parte da família Buscariollo. Para a polícia, os alimentos, energéticos, bebidas alcoólicas e repelentes poderiam ter servido de abastecimento após a fuga. Farah rebate.
“Carlos Henrique [outro filho] estaria abrindo um bar, e as mercadorias seriam destinadas ao novo negócio”.
O advogado ainda levantou dúvidas sobre o destino das vítimas e não descartou que estejam vivas.
“É preciso entender a vida que eles levavam, até por conta do trabalho que exerciam”, insinuou, deixando no ar uma provocação sobre o produtor rural Alencar Gonçalves de Souza, também desaparecido: “Pois é. Fica a pergunta.”
Um mês depois, a polícia mantém a investigação e o mistério continua sem resposta: quatro pessoas sumiram sem deixar rastros, e uma família inteira vive escondida, alegando medo de ser morta.