Um socorrista entrou em contato com a Banda B para fazer uma grave denúncia ligada ao Hospital do Rocio, que fica em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na noite desta quarta-feira (26). Segundo o denunciante, que não será identificado, o “trabalho está inviável” após o hospital deixar de receber pacientes com traumas que eram encaminhados por ambulâncias do Samu e do Siate do Corpo de Bombeiros.

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa) negou a “diminuição no número de atendimentos, muito menos desassistência hospitalar, fechamento de leitos e diminuição de serviço” – leia nota na íntegra, abaixo.

Hospital do Rocio
Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Em abril deste ano, o Portal Banda B noticiou a situação que passou a acontecer a partir das 12 horas, do dia 13 daquele mês. O próprio Hospital do Rocio explicou à Banda B que a medida foi tomada porque o contrato com o Governo do Paraná havia sido encerrado.

Desde então, vítimas de acidentes em rodovias da região de Campo Largo têm sido levadas para outros hospitais que ficam na Grande Curitiba – como o Cajuru, Trabalhador e Evangélico, por exemplo.

De acordo com o denunciante, estes deslocamentos feitos pelas ambulâncias das equipes de Campo Largo levam cerca de 2 a 3 horas pelas ruas da Grande Curitiba, sem considerar o tempo de atendimento à vítima no local do acidente (que leva cerca de 40 minutos).

Tivemos uma situação agora no Hospital do Trabalhador em que fomos deixar uma vítima lá e, praticamente, aguardamos mais de duas horas. Minto. A gente ficou mais de vinte, trinta minutos aguardando uma triagem, tocamos o interfone e não foi ninguém ver o paciente, que estava com uma suspeita de fratura de ombro e luxação. Então está inviável.

Ele ainda afirmou que a cidade tem ficado “desguarnecida”.

Enquanto as ambulâncias estão parando nos hospitais, a cidade fica desguarnecida. Fica difícil também a questão de atendimento. Demora mais “o atender” porque tem que viabilizar a ambulância de outros lugares para atender outras regiões também.

Críticas a protocolos de atendimento

O socorrista ainda fez uma crítica ao Protocolo de Manchester, que, conforme sua fala, passou a ser adotado por hospitais em curto espaço de tempo. O protocolo, em resumo, consiste em um conjunto de diretrizes reconhecido internacionalmente que prioriza o atendimento a pacientes nos hospitais conforme a gravidade de cada caso.

Para o denunciante, a situação também torna o atendimento aos pacientes mais lento.

A nossa vítima é um paciente de emergência, não de urgência. Os pacientes do Samu vêm medicados das unidades de saúde em direção aos hospitais. Só que nas ambulâncias do Siate, isto já não ocorre. Então, as vítimas ficam agonizando dentro da ambulância, aguardando este acolhimento.

Equipes mais cansadas

Por fim, o denunciante afirmou que as mudanças no Hospital do Rocio passaram a deixar as equipes cada vez mais cansadas. Principalmente, em um aspecto mental, já que os colaboradores passam a sentir, de certa forma, as dores do paciente.

Se tornou exaustivos os deslocamentos e o tempo de espera na porta dos hospitais cresceu demais. Então, se tornou insalubre às equipes o cansaço porque já é um trabalho que ocorre diante de escala. Fora que temos que aguardar o atendimento à vítima sem ter que dizer que estão solidários à situação da vítima até que os hospitais façam o acolhimento.

Espaço Banda B – Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa)

Procurada pela Banda B, a Sesa negou a “diminuição no número de atendimentos, muito menos desassistência hospitalar, fechamento de leitos e diminuição de serviço” por meio de nota, que pode ser lida na íntegra abaixo:

Em relação aos atendimentos de emergência do Hospital do Rocio, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa que a unidade não se enquadra na categoria “porta-aberta”, sendo referenciado e, existindo a necessidade de atendimento para trauma, pode haver a regulação com atendimento a pacientes, ou seja, não há diminuição no número de atendimento, muito menos desassistência hospitalar.

Reforçamos que não houve fechamento de leitos, tampouco diminuição de serviço, apenas uma readequação do fluxo de acesso ao hospital.  Atualmente, o Estado está em reavaliação do processo de contratualização com a unidade.

A Sesa gerencia o acesso dos pacientes que precisam de transferência de acordo com a demanda, por meio do Complexo Regulador e dos critérios de prioridade e gravidade de cada caso. O Paraná possui uma Central de Regulação de Leitos e uma ampla rede hospitalar onde são concentrados os pedidos de transferências de pacientes entre os serviços de saúde.

Por fim, ressaltamos que o Estado trabalha com estratégias permanentes para garantir assistência hospitalar a toda população. 

Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa), em nota enviada à Banda B.