Que quem foi ao show de Caetano e Bethânia na Pedreira Paulo Leminski, neste sábado (21), teve a experiência de uma noite incrível, isso já contamos. Mas uma curitibana aproveitou de um jeito ainda mais especial. Ex moradora do bairro Uberaba, em Curitiba, Jenni Rocha, é uma das cantoras que compõem o trio de voz da turnê dos irmãos mais famosos do Brasil.
No ano passado, nós apresentamos a Jenni Rocha aqui mesmo na Banda B quando ela estava rodando o país com a turnê do Dilsinho. Agora, a missão da curitibana é enfrentar shows ainda maiores, para públicos de estádios e com dois dos maiores nomes da nossa MPB.
A curitibana contou à Banda B que o convite surgiu de um jeito que nem ela esperava. E tudo veio graças ao entendimento de que havia a necessidade de um coro musical na banda.
“Eu ouço Caetano e Bethânia desde pequena, lembro muito do meu pai ouvindo Brincar de Viver quando eu era criança, em casa. E pra mim foi surreal estar nessa turnê. Tudo surgiu muito por conta de Deus Cuida de Mim, que a gente gravou com Kleber Lucas, sua amiga de Kleber. E Kleber e Rafa, filho do Kleber, me convidaram pra gravar essa faixa e fez toda essa ponte. Lucas, que é um dos maestros aqui da banda, que produz muitas músicas do Caetano, me conheceu ali e a gente nunca mais trabalhou junto. A gente fez essa música e depois de dois anos ele lembrou de mim. Porque ele precisava de um coro, queria um coro, a Bethânia queria um coro, enfim. E aí ele chamou a gente e foi maravilhoso. Pra mim foi maravilhoso. Foi uma surpresa muito agradável, muito maravilhosa, surreal pra mim, é a realização de um sonho estar trabalhando com eles, tudo que eu estou vivendo está sendo incrível, um presente na minha vida”.
Veja Jenni Rocha cantando com Caetano e Bethânia a música que a fez ser convidada:
Além de compor a banda de Dilsinho, Jenni já passou também por outros artistas como Anitta e Ludmilla. Mas agora, ela entende que o desafio é ainda maior. Não só pelo que Caetano e Bethânia representam, mas pela dimensão do que está vivenciando.
“Ainda mais essa turnê que é histórica. São shows de estádios, são shows pra muita gente. Uma trajetória de muitos anos desses dois artistas. Eu tive experiências diferentes, né? Não dá pra comparar o que eu vivi com a Anitta, que vivi com o Ludmila, com o Dilsinho, com os outros artistas que eu gravei. Mas Caetano e Bethânia, o peso que eles carregam das músicas, da história que eles têm, é algo imensurável, assim, é algo que não tem como mensurar mesmo, não tem como dizer o tamanho que é da experiência, do aprendizado, da troca que eu tô tendo não só com eles, mas com todos da banda. Pretinho da Serrinha, Jorge Helder, e tantos outros músicos. Todos os músicos da banda aqui me inspiram muito, e todos da produção, a produção é impecável. E a troca do público é surreal. Todos cantando todas as músicas, focados, emocionados, é uma entrega, é uma troca muito grande que vem do público. É uma experiência que não dá pra comparar, eu não quero que acabe nunca essa turnê”.
De volta pra casa
Sempre que vem a Curitiba por algum motivo, seja para acompanhar algum artista em turnê ou simplesmente para dar um abraço na família, Jenni Rocha faz questão de evidenciar suas raízes. Estar em Curitiba novamente, dessa vez no palco da Pedreira Paulo Leminski, foi especial.
“Eu não sei dizer, cara. Sinceramente. Eu sempre, desde pequena, vi shows muito grandes que rolavam aqui na Pedreira, que rolam até hoje. E poder voltar aqui dessa maneira pra mim foi surreal”.
Ex-estudante da Escola de Música e Belas-Artes do Paraná, Jenni Rocha reconhece a importância que Curitiba teve em sua trajetória.
“Vi pessoas que me conhecem desde pequena. Meu pai estava aqui me assistindo, ele foi o meu maior incentivador, que me levava para a Escola de Belas Artes aqui do Paraná para estudar música. Uma colega minha da Embap, da Escola de Belas Artes, estava aqui, de infância, que a gente estuda junto com 7 anos de idade, estudando música juntas. Eu acho que a ficha não caiu ainda. É muito difícil. É muita coisa para processar”.
Ficha caiu?
Mesmo percorrendo o país em turnê com os dois maiores nomes da música brasileira, Jenni Rocha disse que ainda não tem certeza de que a ficha caiu. Mas que tem vivido um sonho.
“O primeiro fim de semana de shows, pra mim, eu acho que eu ainda não tinha processado. Isso que eu estava ensaiando o mês inteiro antes com eles, mas ainda não tinha processado. Quando foi no segundo final de semana, eu me dei conta em uma música que eu não estava nem cantando. Ainda bem que eu não tava cantando essa música, porque senão ia dar rolo pra cantar. Minha voz embargou. São nesses momentos singelos, assim, de uma frase que se remete a algo lá da tua infância, nessas músicas, né? Foi com Motriz que eu chorei a primeira vez, assim, no show, e vários outros da equipe se emocionam. Voltar pra cá e ainda na pedreira é uma proporção, assim, eu nem se dizer. Eu só posso dizer que eu sou muito grata”.
Mesmo não processando tudo, a cantora disse que o que sente é gratidão. Inclusive pelo que passou em Curitiba também.
“Eu acho que ainda não processei tudo 100% mesmo, mas sou muito, muito, muito grata. À minha cidade, a estrutura que tem. Claro que eu tive o meu empenho, o meu esforço, mas se não fosse pelo meu pai, pela minha família, pela Embap, pelas oficinas de música que eu fui, oficinas de música de Curitiba, tudo isso que a cidade tem, de cultura e de música, de arte, eu não estaria onde eu estou aqui hoje. Então eu devo isso tudo à Curitiba também”.
Caetano e Bethânia nos bastidores
Além de nomes fortes da música, os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia são também fortes como pessoas. A preocupação com o trabalho tem sido o maior aprendizado que Jenni Rocha tem levado dos bastidores.
“Eles são maravilhosos. Cada ensaio foi uma troca surreal. Cada música, eles têm um cuidado tão grande com a própria arte. É uma coisa surreal de se ver, é uma coisa de se emocionar. Desde uma nota maneira como é tocada, até uma introdução a uma intenção na maneira de cantar, tudo isso é pensado”.
No palco, os artistas estão o tempo todo se comunicando com a banda. E é aí que o respeito é sentido na pele, como diz Jenni Rocha.
“E a troca que a gente tem com eles durante os shows também, em Brincar de Viver, Bethânia vira pra gente, sorri, e aí termina a música, ela fala ‘bravo, bravíssimo’ pra gente do coro. É uma troca bizarra. Eu sou muito grata aos dois por todas as experiências que eu estou tendo. Só tenho elogios a dar pra eles”.
Disco solo vem aí
A curitibana Jenni Rocha ficou conhecida depois de sua participação no The Voice Brasil, da TV Globo, em 2018. De lá pra cá, viu a vida mudar muito rápido com experiências como a que vive hoje.
Agora, tendo um conhecimento diferente do que já tinha vivido antes, Jenni Rocha prepara também um disco próprio. Mas sem pressa, pois quer que venha com todo o cuidado que merece.
“Eu tô olhando para outras áreas da minha vida também nesse momento, porque essa turnê também me inspira muito nesse sentido, sabe? Ao olhar pra minha arte, ao olhar para as minhas músicas de outra maneira. Então eu tô trabalhando no meu EP, nas minhas músicas, pretendo ainda lançar ainda esse ano, fechar shows também. Não tô com pressa de fazer, apesar de que, claro, a gente quer lançar logo as coisas, mas tô levando o tempo que tiver que levar pra tudo ficar da maneira que eu quero”.
A cantora disse que já tem tudo planejado, mas adiantou que o repertório terá seu jeito, suas ideias, o conteúdo que mostre quem de fato é Jenni Rocha.
“Já tenho todas as músicas pensadas, composições minhas, repertório todo meu. É algo que as pessoas talvez vão se assustar um pouco de cara, até porque eu fiquei um bom tempo trabalhando no pagode, né? Mas agora as pessoas vão conhecer de fato quem é a Jenni. É algo bem pop, mas também muito MPB, de muito bom gosto, com muito carinho, que é tudo isso que eu tô aprendendo também na turnê também, a ter esse carinho, essa singeleza com as músicas”.
Quem quiser conhecer mais sobre Jenni Rocha, pode acessar as redes sociais dela. A curitibana também tem músicas lançadas nas plataformas.