Sucesso não é surpresa para Maitê Proença. Afinal, a estrela já fez mais de 20 novelas, inclusive Dona Beija (Manchete, 1986, com reprise pelo SBT no ano passado), na qual viveu a protagonista, uma prostituta poderosa. A personagem causou muita polêmica por aparecer nua tomando banhos de cachoeira. Pois agora, no papel de Stela Gouveia, em Passione, da Globo, de novo a atriz provoca mil questionamentos. Casada com um ricaço, mãe de dois rapazes e uma jovem, Stela seduz garotões com os quais transa. Nesta entrevista exclusiva, Maitê fala de sua controversa personagem, de traição, drogas e muito mais…
A Stela é uma devoradora de homens… E agora se apaixonou por Agnello, feito por Daniel de Oliveira, que tem a idade dos filhos dela… O que se passa com ela?
A Stela trai para ser feliz. Funciona como uma válvula de escape. Encontra um garoto que lhe interessa, o seduz, fica com ele por uma tarde e volta para casa sem peso na consciência, já que o marido não a percebe. É uma vida dupla porque, apesar de ter esse lado, ela é uma mãe amorosa, atenciosa e faz a casa funcionar perfeitamente. Stela não quer se apaixonar porque sabe que isso poderia estragar o que ela mais ama: a família.
Daí o Agnello vira um problemão, né?
Com certeza!
O fato é que esse comportamento dela provoca o maior tititi por aí, não?
Alguns dizem que tem mais é que trair mesmo, porque o marido não liga pra ela. E não tem nada mais broxante do que uma pessoa do seu lado que não lhe dá valor. Mas entra aí a questão da traição, que não é nada bom, não é mesmo?
Deve ser difícil conseguir mostrar ao público os dois lados da personagem…
Sim, é difícil mesmo. Eu não posso fazê-la alegre e radiante porque pode parecer um pouco vulgar. Stela trai para aguentar os inúmeros conflitos de sua vida e não cair em depressão.
E conseguirá ir vivendo dessa maneira?
Aí que está! Ela se apaixonará pra valer pelo Agnello e cairá na própria armadilha. A novela promete muitas emoções ainda. Está apenas começando.
Um casamento como o dela tem solução?
Quando existe uma relação verdadeira, devemos procurar fazer o possível para preservá-la. Compreender e tentar seguir em frente virando a página. O que não pode é traição sistemática, desrespeito frequente. Aí é melhor partir pra outra…
Você acha que as mulheres mais maduras despertam o imaginário dos jovens?
A reação do público dirá (risos)… Os jovens não se incomodam com rugas e um corpo imperfeito. Estão sempre buscando uma aventura e admiram mulheres experientes.
E você, tem medo de envelhecer?
Não tenho problemas com isso. O Silvio de Abreu ainda não percebeu que eu envelheci (risos)… Sinceramente, acho que uma pessoa moderna e feliz não deve ficar paranóica pensando na idade, e sim se divertir.
Faz alguma dieta?
Não. O que sempre faço ao acordar é tomar um copo de água quente, bem devagar. Não é chá! Eu vi o Dalai Lama fazendo isso uma vez e tratei de fazer também. Acredito que certamente algo ótimo acontece (risos).
Considera válido fazer plásticas?
Bom, devemos tomar cuidado com isso. Não adianta nada ter um rostinho de 30 com um corpo de 60. Às vezes, a gente olha uma mulher com aquela barriguinha lisa e a bunda caída. Não fica legal. Na verdade, você tem que cuidar mais é da sua cabeça.
Você é vista pelo público como modelo de beleza… Se considera assim?
Eu não me considero nada disso (risos). Tento desenvolver outras qualidades em mim, porque essa coisa de aparência não vai durar muito, tem prazo de validade (risos). Eu busco fazer uma passagem bonita por aqui. Pretendo viver bastante… Mas quero poder olhar para trás e ver que deixei um legado.
Como é sua vida fora do vídeo?
Eu escrevo, estou sempre atuando ou produzindo algo. Quando estou muito atarefada prefiro ficar em casa. Gostaria de ter mais tempo pra estar com minha filha (Maria Proença Marinho, de 20 anos) e com meu namorado (o empresário Alexandre Colombo). Também adoro viajar, ir pra Bocaina (serra que faz divisa entre São Paulo e Rio) ou outro lugar no litoral da Bahia. Não costumo ter uma vida normal, é de fases…
Em algum período de sua vida você experimentou drogas?
Vivi numa geração que, na época, a viagem pelo inconsciente era uma busca do ser. Quem viveu aquela fase e diz que não experimentou droga ou está mentindo ou foi pouco curioso. Era uma busca. E se aquilo fazia parte de um movimento pela liberdade e pela paz, por que não experimentaria? Naquele momento, as drogas tinham uma aura muito mais interessante do que hoje, quando se sabe que está dando dinheiro para o tráfico, o que não tem nada de bom.
Você é uma pessoa muito espiritualizada. Como foi esse caminho?
Sempre fui educada de maneira muito cética em relação a tudo que fosse místico. Como sou de uma família de ateus, a minha investigação religiosa veio com o tempo, principalmente depois que fui para a Índia. Participei de culto islâmico, católico, umbanda, candomblé e, especialmente, do Santo Daime. Gosto de investigar as religiões e, para isso, precisei experimentá-las sem restrições.