Alguns dias após o show memorável que realizou no Primavera Sound, em São Paulo, Marisa Monte retornou a Curitiba com a turnê Portas, no Teatro Positivo. O primeiro show, nesta quarta-feira (6), era a data extra e teve ingressos praticamente esgotados.
Nesta quinta-feira (7), a cantora encerra a passagem da turnê em terras curitibanas, após cinco apresentações em um ano, todas bem sucedidas. O show, perfeito do começo ao fim, poderia ser resumido de várias formas, mas imersão é o destaque que oferece Marisa. Veja fotos e vídeos de como foi o show.
Poucos artistas conseguem fazer com que, ao abrir as cortinas do palco, o público se desprenda de tudo que está lá fora e se veja imerso em um show. Essa é a sensação que traz Marisa Monte, ao fazer um passeio pelos grandes sucessos da carreira (incluindo as novas canções), entregando um show longo e impecável, sem jamais perder o pique e a qualidade, somando essa imersão tão natural provocada pela cantora.
Esse lado meticuloso de Marisa só comprova o posto que ela ocupa há mais de três décadas na MPB: de uma artista preocupada em oferecer a perfeição em cada detalhe, do figurino à iluminação, da simplicidade à tecnologia avançada que permite uma verdadeira imersão dentro do palco.
Repertório impecável
Logicamente, esse método de trabalho passa pela escolha do repertório. Mantendo basicamente a mesma seleção de músicas desde a estreia da turnê, Marisa mistura suas canções mais radiofônicas e releituras de outros artistas, em uma comprovação de sua personalidade e talento únicos.
Em um breve trecho, “Pelo Tempo Que Durar”, composição de Marisa com Adriana Calcanhotto, abre o show com uma certa dose de mistério, preparando o terreno para “Portas”, carro-chefe do álbum homônimo (e o mais recente trabalho de estúdio da artista).
Com o público conquistado desde o início, Marisa enfileirou músicas que são consideradas como algumas das maiores (e melhores) da carreira: “Maria de Verdade” e “Vilarejo”.
A partir disso, o que se viu foi um desfile de hits, incluindo “Ainda Bem”, “Beija Eu”, “Ainda Lembro”, “Depois”, “A Sua”, “Eu Sei (Na Mira)”, “Na Estrada” e “Não Vá Embora”.
Entre as releituras do repertório, Marisa escolheu canções já gravadas por ela, homenageando artistas cuja influência permeia toda a sua carreira. De Tim Maia, “O Que Me Importa”, foi sucedida por “Preciso Me Encontrar” (composição de Candeia, e imortalizada na voz de Cartola).
Também houve espaço para duas canções do projeto “Tribalistas”, trio formado por Marisa ao lado de seus amigos e companheiros de trabalho Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown: “Velha Infância” e “Já Sei Namorar”.
Vale destacar que o show apresentado em Curitiba mostrou uma Marisa não tão ligada ao roteiro engessado, que é comum em grandes turnês. Durante a apresentação dos músicos da banda, a cantora deixou fluir algumas brincadeiras e gracinhas com os artistas e o público, trazendo um ar de novidade para essa reta final do espetáculo.
Surpresa final
Ao final do show, definido por ela como um “fim fake”, Marisa fez o público levantar das cadeiras com “Amor I Love You”, “Pra Melhorar” e “Bem Que Se Quis”.
Entretanto, em um espetáculo marcado por excelentes momentos, o grande destaque se deu através do cover de “Doce Vampiro”, música de Rita Lee e Roberto de Carvalho, já apresentado em outros shows da turnê e composição escolhida para ser um dos singles do seu novo álbum ao vivo, com lançamento previsto para os próximos dias.
Ao homenagear a “Padroeira da Liberdade”, como Rita gostava de ser chamada, Marisa só reforçou o caráter inovador e sofisticado da sua própria obra autoral, colocando a turnê Portas, definitivamente, como um dos grandes espetáculos musicais das últimas décadas no Brasil. Uma verdadeira celebração da arte brasileira, naquilo que ela tem de melhor.
Veja vídeos da turnê Portas, de Marisa Monte, em Curitiba: