O ex-policial militar e influenciador Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido nas redes sociais como Kel Ferreti, é suspeito de comandar um esquema de rifas ilegais que promete prêmios em dinheiro, mas não os paga, segundo denúncia da Promotoria de Alagoas.

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Imagem: Reprodução Instagram @eukelferreti

Ele também foi acusado de estupro contra uma mulher que conheceu através de um grupo online de jogos de azar. Condenado a dez anos de prisão pela Justiça em dezembro do ano passado pelo crime, chegou a ser preso, mas teve a pena redimensionada em agosto. Com isso, está sob medidas cautelares, com uso de tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar a menos de 500 metros.

Questionada sobre a condenação por estupro, a defesa de Kel, representada pelo escritório de advocacia Melo & Montenegro, afirmou que “o influenciador repudia com veemência as falsas acusações que lhe foram imputadas, reafirmando sua total inocência”.

Sobre o suposto esquema de rifas, disse que “não existe nos autos da investigação a comprovação da prática de qualquer conduta criminosa”.

Kel mantém as redes sociais ativas, com mais de 1,3 milhão de seguidores. Nesta terça-feira (7), o influenciador publicou vídeo da tornozeleira eletrônica e afirmou que é falsa a acusação de estupro.

O Ministério Público de Alagoas possui duas acusações contra ele. Uma é resultado de investigação sobre lavagem de dinheiro. A Promotoria sustenta que uma rede de influenciadores digitais atuam nas redes sociais divulgando links com suposto enriquecimento através de jogos de azar. A investigação menciona nominalmente o jogo Fortune Tiger, conhecido como jogo do tigrinho.

Para convencer os seguidores, os influenciadores, incluindo Kel, usavam contas demonstração para exibir falsos ganhos nos jogos, de acordo com a investigação. As contas demonstrações não possuem o mesmo sistema de aleatoriedade das contas reais e facilitam os ganhos do jogador.

“O empreendedor digital Kel Ferreti nunca fez uso de conta demonstração no momento da publicidade dos jogos das casas brasileiras”, diz a defesa.

Outro caminho usado por Kel seriam as rifas ilegais e enganosas, em que números são reservados de maneira antecipada para serem sorteados, deixando para o público apenas os números que não serão sorteados, afirma a Promotoria.

Fotografias com carros de luxo e em viagens para o exterior são publicadas para corroborar os ganhos, “o que efetivamente teria convencido diversas pessoas, em sua maioria de baixa renda, da possibilidade auferir renda e melhorar de vida”, segundo a sentença em um dos processos que corre na Justiça alagoana.

O Ministério Público ofereceu denúncia em junho contra Kel e outras sete pessoas, incluindo outros influenciadores que não tiveram os nomes revelados.

A denúncia, que desencadeou na operação Trapaça, aponta o uso de laranjas para ocultar bens, como os carros registrados em nome de terceiros. A suspeita é de que o grupo movimentou R$ 21 milhões, além da compra e venda dos veículos.

Em outra investigação, o Ministério Público denunciou Kel por estupro contra uma mulher, durante um encontro em junho de 2024, em uma pousada no bairro Cruz das Almas, em Maceió. O influenciador e a mulher se conheceram em um dos grupos que ele mantém para divulgação dos jogos de azar.

“Ele havia acenado que gostava de relação com tapas, mas quando lá chegaram, configurou-se um espancamento. A mulher não é obrigada a permanecer na relação sexual”, afirma o promotor José Carlos Castro.

“Ficou bem evidenciado com laudo pericial e fotos de que ele se valia de socos em várias partes do corpo, tapas no rosto, mordidas e até estrangulamento, enquanto a vítima se manifestava não querer aquela prática. Ele alega no interrogatório que tem esse fetiche.”

Ela foi encaminhada para hospitais e realizou boletim de ocorrência. A vítima usa atualmente um botão de pânico que notifica caso o alvo da medida protetiva se aproxime. Segundo promotores, o alarme já foi acionado mais de uma vez, porque Kel tem circulado por Maceió.

Ele foi expulso da Polícia Militar em 2023 após ser suspeito de filmar e publicar o próprio voto na urna eletrônica, durante as eleições de 2022. No vídeo ele afirma votar em Fernando Collor (então no PTB) e Jair Bolsonaro (PL).