Uma testemunha gravou o momento em que dois policiais militares arrastaram um jovem de 18 anos após atirarem contra ele durante uma operação policial, na manhã desta terça-feira (7), no bairro Parolin, em Curitiba. A PM afirma que ele reagiu à abordagem e morreu em um confronto, enquanto a família contesta e diz que ele estava dormindo.

A Polícia Civil informou que agentes da corporação, além de policiais militares e guardas municipais, estiveram no bairro para cumprir 12 mandados de busca e apreensão e “localizar armas, drogas, munições e outros materiais ligados a práticas criminosas”. “As buscas acontecem em endereços previamente identificados durante as investigações”, disse o órgão.

O jovem que morreu estava em casa quando foi surpreendido pelos policiais. As corporações não informaram por qual crime ele era investigado. A identidade dele não foi divulgada. O vídeo obtido pela Banda B contém imagens fortes e, por isso, a reportagem preferiu desfocá-las.

No registro feito pela testemunha, o jovem aparece gritando enquanto pede para que os policiais parem com a ação. “Meu Deus do céu”, diz ele, chorando. O vídeo foi gravado de uma janela, ao lado de um depósito de materiais recicláveis.

A pessoa que grava as cenas chora, enquanto outra testemunha grita na tentativa de impedir que os agentes continuem o arrasto. “Não faça isso!”, implora a mulher. Um dos policiais aparece segurando o rapaz pela bermuda e o arrastando em direção a um amontoado de latas.

Uma foto também obtida pela Banda B mostra o homem já morto, com marcas de tiros, caído sobre latas. O corpo dele aparece ensanguentado.

Polícia alega confronto

De acordo com as polícias Civil e Militar, Yago estava armado com uma pistola de uso restrito, atirou contra os policiais e era um dos líderes de uma facção que comandava o tráfico de drogas no bairro Parolin.

A Polícia Civil informou que a operação, que envolveu 94 agentes, faz parte de um trabalho iniciado há cinco meses, após confrontos entre facções e disparos que atingiram o edifício do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O delegado Osmar Antonio Dechiche afirmou que o jovem tinha passagens por roubo, furto e corrupção de menores. A polícia afirma que ele tem 20 anos, mas a família alega ser 18.

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Polícia apresentou arma que teria sido apreendida com Yago Pires após a operação – Foto: Kainan Lucas/Colaboração/Ric RECORD

“Lamentavelmente, houve a neutralização de um dos integrantes da facção, pessoa essa bastante familiarizada com o crime. Jovem, com 20 anos de idade, mas com três prisões e três solturas. Ele foi preso por roubo, furto e corrupção de menores. Hoje, estava liderando e integrando a facção, o crime de organização do tráfico de drogas”, disse o delegado.

O coronel Fávero, da Polícia Militar, reforçou que o jovem disparou contra os agentes e que o vídeo obtido pela Banda B mostra os policiais tentando puxá-lo para fora do local, mesmo já baleado, para evitar que ele continuasse armado e tentar preservar a vida do rapaz.

“No momento da abordagem, ele enfrentou e disparou contra os policiais. Para preservar as vidas dos policiais, houve a reação e a tentativa inclusive de tentar salvar a vida desse menino. Existe um vídeo circulando em que os policiais estão tentando puxar esse menino pra fora. Ele [Yago] está tentando, neste momento, buscar a arma”, afirmou o coronel.