A morte de Caio José Ferreira de Souza Lemes, 17 anos, gera comoção na escola onde ele estudava, entre familiares e amigos. O rapaz foi morto no que a Guarda Municipal de Curitiba disse ter sido uma reação a uma abordagem, mas as manifestações são contrárias às informações passadas pelos guardas no local do crime. Os familiares e amigos buscam respostas para o que de fato aconteceu e pensam em protestar.
A morte de Caio ocorreu na tarde de sábado (25), na Rua Herondina de Freitas Ribeiro, entre os bairros Campo Comprido e Cidade Industrial de Curitiba (CIC). No local do crime, o supervisor Rubin, da GM, disse que o rapaz – que teria 30 anos segundo a guarda – estava armado com uma faca. Ele reagiu à abordagem e foi baleado.
Apesar disso, familiares e amigos negam a versão da GM. Uma amiga da família de Caio, que preferiu não ser identificada, contou que ele tinha dormido na casa de um amigo e tinham ido num mercadinho próximo.
“Foi abordado, levou um esporro dos GMs, levou um tapa na cara, quando ele saiu, levou tiros. Não estava com faca e não estava com drogas. Ele sequer usava drogas”.
disse uma amiga da família
Joseane Lemes, a tia de Caio, disse que os vizinhos viram que ele sofreu uma abordagem, levou um tapa e tentou correr.
“Foi correr porque ficou com medo. Ele levou dois tiros, um no queixo que saiu em cima na cabeça e o outro na mão. Ele tinha 17 anos. Estava na casa de um amigo, saiu para comprar alguma coisa e houve a abordagem. Não estava fazendo furto algum”.
comentou Joseane Lemes, a tia de Caio
- Viu essa? Vereador da RMC é desligado de quadro de pastores da Universal após ser preso por dirigir embriagado
No local, após o crime, houve quem disse que o rapaz estava “sondando” casas na região. A família nega.
“A guarda estava patrulhando, não foi chamado ninguém. Até os vizinhos ficaram horrorizados com o que viram. Não tem explicação. Ele era menor, tinham que ter chamado os responsáveis se estivesse com droga, não atirado na nuca dele. Ele tinha 17 anos, disseram que ele tinha 30”.
completou a amiga da família
Comoção na escola
Segundo os amigos e familiares, Caio cursava o 3º ano do ensino médio pela manhã, no Colégio Estadual Júlia Wanderley, e à tarde trabalhava como jovem aprendiz numa empresa de telemarketing.
Na escola onde Caio estudava, na manhã desta segunda-feira (27), os alunos estavam revoltados com o que aconteceu. Professores se uniram aos estudantes e, juntos, fizeram uma espécie de memorial para o garoto.
A amiga da família do adolescente, disse que Caio era estudioso e envolvido até com projetos culturais na escola.
“Era bem participativo, se for no colégio não vai ter reclamação nenhuma dele, era super querido pelos amigos, professores, pelos pais dos amigos, não batia boca nem com os professores. Era muito tranquilo”.
disse a amiga da família
A tia do garoto reforçou ser mentira a informação de que o rapaz estaria assaltando ou sondando casas para roubá-las. Ela também comentou que ele era muito querido por todos.
“É totalmente mentiroso isso aí. Disseram que ele estava assaltando casa, mas não é verdade isso. Ele nunca sequer precisou disso. Ele era uma pessoa muito querida no colégio, no condomínio onde morava, na rua, na família. A gente tá sem condição”.
concluiu Josene, a tia de Caio
A família e amigos avaliam fazer uma manifestação no local onde Caio foi morto.
Escola lamenta
Pelas redes sociais, o Colégio Estadual Júlia Wanderley lamentou a morte de Caio com uma publicação, que já reúne inclusive comentários de quem diz que a GM executou o menino.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed-PR) lamentou, com profundo pesar, a morte do rapaz.
“O rapaz tinha 17 anos (e não 30 conforme noticiado) e estava matriculado no 3° ano do ensino médio, no Colégio Estadual Júlia Wanderley, em Curitiba. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná lamenta o ocorrido e presta solidariedade a amigos e familiares do jovem neste momento de dor”, diz a nota da Seed-PR.
O que diz a Guarda Municipal?
Procurada pela Banda B, a Guarda Municipal informou, por meio da Prefeitura de Curitiba, que foi instaurado um procedimento administrativo para apurar a conduta dos agentes envolvidos no caso. Além de ter lamentado o ocorrido, afirmou que os guardas “seguem afastados das atividades operacionais”.
A Polícia Civil investiga o caso.