Começou na manhã desta quinta-feira (5) o terceiro dia do julgamento de Everto Vargas, réu acusado de matar com um tiro na cabeça a youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, de 14 anos, em Pontal do Paraná, no litoral do Estado.
O júri popular do réu acontece no Fórum de Ipanema. Desde terça-feira (3), sete das dez testemunhas arroladas pela defesa e pela assistência de acusação já foram interrogadas. Na quarta (4), a mãe da adolescente, Rosania dos Santos, foi ouvida pelo Ministério Público e pela assistência de acusação.
O Conselho de Sentença foi formado por sete homens, que serão responsáveis por decidir se o réu é culpado ou inocente. Após apresentação de provas, depoimentos e argumentos por parte da acusação e da defesa, o conselho deverá se reunir para analisar o contexto e tomar a decisão.
A defesa de Everton Vargas disse que a expectativa é “demonstrar aos jurados que Everton agiu para defender a família, acreditando se tratar de um assalto após o motorista do carro em que a Isabelly estava fazer uma manobra intimidadora na rodovia.”
A assistência de acusação disse esperar a condenação de Everton por homicídio. “Nós estamos tratando do caso de uma menina de 14 anos que morreu com um tiro na cabeça. Se isso não é homicídio, eu não sei mais o que isso pode ser”, disse Thaise Mattar Assad.
Everton responde por homicídio qualificado por motivo torpe, além de porte ilegal de arma de fogo. Ele deverá ser interrogado nesta quinta-feira (5).
O julgamento deverá se estender até a madrugada desta sexta-feira (6).
Acusação X defesa
O advogado Cláudio Dalledone Jr., que representa o réu, ameaçou abandonar o plenário do júri, na noite de terça-feira (3), após acusar a assistência de acusação de estar fazendo “micagens”. O episódio aconteceu durante o interrogatório da terceira testemunha — o filho do motorista do carro onde estava Isabelly. O advogado do réu afirmou que o promotor do caso estaria fazendo caretas e que uma das advogadas da acusação o teria chamado de “cruel”.
A assistência de acusação defende que uma das testemunhas — um policial militar — mentiu durante seu depoimento no segundo dia de júri. Um requerimento pedindo a apuração de um eventual crime foi feito pelos advogados da família à Corregedoria da Polícia Militar.
A advogada da família, Thaise Mattar Assad, ainda disse em entrevista à Banda B que o policial fez alegações diferentes daquelas que constam no boletim de ocorrência registrado no dia do ocorrido e em juízo.
“Está ficando muito claro aos jurados a tese da acusação. De fato, não há nada que explique a conduta do acusado Everton Vargas. Sobre a oitiva do PM, ele faltou com a verdade no julgamento. Isso ficou claro perante todos. Ele foi contrário ao que ele mesmo tinha registrado no boletim de ocorrência e também ao que ele também declarou em juízo perante o juiz. O mais grave é ele ter dito expressamente algo que a testemunha não falou a ele. Foi feito o requerimento porque a situação não pode ficar como foi posta aqui”, defendeu a advogada.
‘Sofro diariamente’
Everton Vargas pediu desculpas à mãe da adolescente após o fim do primeiro dia de julgamento.
“Não tem nem como dizer a dor que ela sente. Eu pediria para ela perdão. Eu sei que, por mais que seja difícil, devido à situação, uma ação gerou uma reação minha, né? Então, desde o primeiro momento eu assumi esse erro para mim, chamei isso e estou até hoje aqui. Paguei um monte, estou pagando e sofro diariamente com isso”
Everton Vargas, réu pela morte de Isabelly.
Segundo Thaise Mattar Assad, o acusado pediu perdão à mãe da adolescente somente no momento em que falou com a imprensa: “Ele nunca pediu perdão para ela… Nem ontem, durante o julgamento, em que ela olhou para ele, se direcionou e falou com ele.”