O secretário da Fazenda de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, de 63 anos, foi alvo de mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (16), durante a segunda fase da Operação Mafiusi, que investiga um esquema milionário de lavagem de dinheiro ligado ao narcotráfico internacional. Foram cumpridos três mandados de prisão e outros 12 de busca e apreensão. Ferreira pediu licença do cargo para se defender das acusações.

As informações são do Blog Politicamente, que teve acesso à decisão judicial do juiz Nivaldo Brunoni, da 23ª Vara Federal de Curitiba. O documento detalha o suposto envolvimento do secretário com o núcleo financeiro da organização criminosa, apontada por movimentar e disfarçar recursos oriundos do tráfico internacional de drogas.
Os mandados foram cumpridos em Curitiba, Maringá, na capital paulista e em seis cidades do interior de São Paulo. Segundo a investigação, Carlos Augusto Ferreira seria presidente da fintech Pinkbank, empresa que atuaria com casas de apostas esportivas internacionais — setor considerado pela PF como frequentemente utilizado por organizações criminosas para lavar dinheiro.
Os agentes federais encontraram conversas entre o secretário e um dos presos na operação, registradas em um aplicativo de mensagens.
Durante a ação, a Polícia Federal apreendeu carros de luxo, incluindo Ferraris, BMWs, Porsches, Mercedes e até uma Harley-Davidson, além de relógios de grife e imóveis de alto padrão. De acordo com as investigações, a Ferrari pertenceria ao secretário da Fazenda de Maringá.
Apesar da gravidade das suspeitas, não houve cumprimento de mandado na Prefeitura de Maringá, já que a PF apura fatos anteriores à entrada de Ferreira no serviço público. Fontes do Blog Politicamente afirmam que os agentes federais descobriram apenas hoje, no momento da operação, que o investigado ocupava o cargo de secretário municipal.
Além das apreensões, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados, totalizando cerca de R$ 13,8 milhões em imóveis, contas bancárias e aplicações financeiras.

O que diz o secretário?
Em nota enviada à imprensa, Carlos Augusto Ferreira afirmou ter sido surpreendido pela operação e disse desconhecer o conteúdo da investigação, que, segundo ele, refere-se a fatos de 2022. O secretário declarou que, naquele período, atuava como executivo do Grupo Empresarial de Saúde Nacional, e não possuía nenhuma outra atividade empresarial.
Ele destacou ainda que nada ilícito foi encontrado durante o cumprimento do mandado em sua residência e que está tomando medidas jurídicas para esclarecer os fatos. “Esta fase de inquéritos diz respeito à prospecção probatória, onde não se pode exercer o amplo direito de defesa. Assim que tivermos acesso ao inquérito policial, informaremos maiores detalhes”, declarou.
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O secretário informou também que solicitou ao prefeito Silvio Barros licença temporária do cargo “para compreender o teor do inquérito e providenciar a defesa”.
A Prefeitura de Maringá emitiu nota confirmando o pedido de afastamento e reforçou que “o objeto da investigação não tem relação com a gestão municipal”. O município afirmou ainda que, no processo de nomeação, todas as certidões foram devidamente verificadas e que não havia registros que desabonassem o servidor. A administração reiterou confiança nas instituições e no devido processo legal.