Silvana de Bruno, de 66 anos, pagou R$ 15 mil ao estudante de biomedicina investigado por envolvimento na morte dela em decorrência de procedimentos estéticos feitos em Curitiba. O jovem é investigado por exercício ilegal da medicina.

De acordo com a Polícia Civil, a transação bancária foi feita em junho, meses antes do procedimento que resultou em necrose e sepse, ocorrido em setembro. Segundo a corporação, o estudante de biomedicina esteve na delegacia nesta segunda-feira (13) após a conclusão do laudo pericial que apontou a sepse como causa da morte da idosa. Durante o depoimento, ele optou por permanecer em silêncio.

“A médica, que teria atendido a vítima no hospital, também passará por oitivas nos próximos dias. A equipe policial analisou o extrato bancário de Silvana e identificou uma transação bancária no valor de R$ 15 mil reais para a conta do suspeito, no mês de junho”, disse o órgão, em nota.

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Jovem responde ao processo em liberdade – Foto: Reprodução/Ric RECORD

Segundo apontam as investigações, Silvana de Bruno apresentou complicações graves após passar por procedimentos como plasma facial, lipo de papada e lipoenxertia nos seios. Ela morreu no dia 2 de outubro em decorrência de choque séptico e infecção de pele e partes moles. A mulher era funcionária pública municipal.

De acordo com a delegada Aline Manzatto, o estudante se apresentava como dentista e biomédico, mesmo sem possuir registro profissional. Os procedimentos invasivos eram feitos por ele em clínicas localizadas nos bairros Centro, Campo Comprido e Cabral.

Após as complicações, Silvana teve de passar por uma mastectomia total, com remoção completa das mamas e parte do tecido do tórax.

“Diante dos fatos, o estudante foi indiciado pelo crime de exercício ilegal da medicina e prestou esclarecimentos na delegacia sobre o homicídio doloso, por ter assumido o risco de causar a morte ao realizar procedimentos cirúrgicos em local inadequado e sem habilitação”, explicou a delegada Aline Manzatto.

Se condenado, a pena do estudante pode chegar a 30 anos de prisão. A polícia não divulgou os nomes das clínicas. Ele responde ao processo em liberdade.

Estudante foi denunciado meses antes

Em nota, o Conselho Regional de Biomedicina do Paraná informou à Banda B que recebeu, em janeiro deste ano, uma denúncia anônima sobre as condutas do estudante. Devido à falta de um documento que comprovasse o título do jovem, de 21 anos, ele foi denunciado pelo próprio órgão ao Ministério Público do Paraná.

“Nós verificamos que ele não tinha registro no Conselho e foi convocado a prestar esclarecimentos. Ele apresentou uma defesa por escrito e em nenhum momento ele apresentou qualquer comprovação de que realmente era biomédico. Nós encaminhamos um ofício para o Ministério Público por exercício ilegal da profissão”, disse Thiago Massuda, presidente do CRBM-6.

Banda B questionou ao Ministério Público do Paraná sobre qual foi o encaminhamento dado à denúncia recebida em janeiro de 2025, se houve alguma ação ou recomendação anterior à morte da vítima e qual é o posicionamento do órgão diante da gravidade dos procedimentos realizados pelo estudante. Em nota, o MP disse que “não chegou nenhuma denúncia a esse respeito até o presente momento”.

Banda B tenta localizar a defesa do suspeito.