O fim do julgamento de Uberto Gama, de 63 anos, conhecido como “guru espiritual”, foi adiado pela Justiça de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. As audiências, que começaram no dia 22 de outubro na Vara Criminal de Quatro Barras, continuam nesta sexta-feira (31) e se estenderam além do previsto devido à duração dos depoimentos.

A previsão inicial, segundo apurou a repórter da Ric RECORD Beatriz Frehner, era que o julgamento fosse concluído nesta sexta, mas o andamento dos depoimentos das testemunhas levou o Judiciário a marcar novas atividades para o dia 7 de novembro, quando deve ocorrer o encerramento do procedimento e o interrogatório do réu.

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Uberto Afonso Albuquerque da Gama foi preso em SC em abril deste ano — Foto: Reprodução/Redes sociais

De acordo com o Ministério Público do Paraná (MPPR), o réu é acusado de crimes como estupro de vulnerável, praticado contra vítimas menores de 14 anos, violência psicológica contra mulheres, tortura e violação sexual mediante fraude.

“Os crimes teriam sido praticados entre 2005 e 2024 em espaços mantidos pelo denunciado – uma chácara em Quatro Barras, onde era sediada a ordem filosófica mantida por ele, e em uma clínica em Curitiba, onde ele atuava como psicanalista e mestre de artes marciais e ministrava cursos e palestras”, divulgou o órgão.

Segundo investigações conduzidas pelo Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves) do MPPR, o acusado se aproveitava das relações de “mestre-discípulo” que estabelecia com as vítimas — muitas em situação de vulnerabilidade emocional — para cometer os abusos.

Inicialmente, as denúncias partiram de cinco mulheres, que relataram ter sido induzidas a relações sob pretextos espirituais — como “empréstimo de energia” ou “crescimento pessoal”. Uma delas contou que ele dizia ter dois graus a menos de “elevação espiritual que Jesus Cristo”.

O julgamento inclui o depoimento de mais de 40 pessoas, entre vítimas e testemunhas, distribuídos pelos quatro dias designados. O último ato será o interrogatório do acusado. O processo tramita sob sigilo.

A promotora de Justiça responsável pela coordenação do Naves e o promotor titular da comarca de Quatro Barras atuam nas audiências. O caso é considerado um dos mais complexos envolvendo crimes sexuais praticados por líderes espirituais na região.

A Banda B tenta contato com a defesa do réu.