Os filhos de Claudia Valéria de Souza Rissardo, de 45 anos, assassinada a facadas pelo ex-marido José Luiz Rissardo, de 59, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), relataram que o pai fazia ameaças constantes, obrigava a mãe a manter relações sexuais mesmo contra a vontade e planejou o ataque dias antes do crime. O feminicídio aconteceu na noite de terça-feira (21), dentro da panificadora da família, onde também ficava a casa em que eles viviam.

Em entrevista exclusiva ao repórter da Ric RECORD Ricardo Pereira, o filho de 19 anos contou que José Luiz era obcecado por controle e chegou a gastar mais de R$ 1 mil em um único mês com sites de relacionamento, enquanto as contas da casa e da empresa estavam atrasadas. “Ele contava pra essas mulheres que era divorciado há três anos. Ele era viciado em sexo. As paredes da nossa casa são bem finas e eu já escutei ela pedindo pra ele parar, mas ele não parava”, disse o jovem.

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Filho de mulher morta pelo ex na CIC usa cavalete para defendê-la — Foto: Reprodução/Câmera de segurança via Ric RECORD

O rapaz também revelou que o pai era homofóbico e o ameaçava de morte. “Ele já me ameaçou mais de uma vez de morte por conta de questões pessoais. Ele é muito homofóbico e já me ameaçou dizendo que iria me matar se eu arrumasse um namorado”, relatou.

Segundo o filho, José Luiz chegou a afirmar que queria ser conhecido mundialmente por cometer uma chacina. “Ele sempre disse que queria ficar famoso no mundo inteiro por ter feito uma chacina e matado muitas pessoas”, contou.

A filha de 22 anos, que também ficou ferida durante o ataque e precisou passar por cirurgia, confirmou que a mãe vivia sob medo constante. “Ela descobriu que ele tinha baixado um monte de aplicativo e estava gastando dinheiro com isso. A gente vivia com as contas atrasadas. Muitas vezes, ela tinha que fazer coisas que não queria durante a noite”, afirmou.

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Claudia foi assassinada na frente dos três filhos, que ficaram feridos ao tentarem defendê-la — Foto: Reprodução/Ric RECORD

Um áudio enviado por José Luiz a uma das filhas, um dia antes do crime, mostra que ele planejava a invasão: “Não adianta portão fechado, não. Você acha que o pai não consegue subir esse telhado e arrombar essas portas aí? Aí a vida de todo mundo vai virar um inferno.”

No dia seguinte, ele cumpriu a ameaça. O homem parou o carro em uma rua próxima, subiu muros e telhados das casas vizinhas e entrou pelos fundos da panificadora armado com três facas. “Quando ele entrou, disse: ‘Você fez medida protetiva pra mim? Quero ver você se proteger disso agora!’”, lembrou a filha.

Claudia havia solicitado uma medida protetiva de urgência no sábado (18), três dias antes de ser morta. O pedido foi concedido pela Justiça, mas o agressor ainda não havia sido localizado para ser notificado.

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Homem invadiu a panificadora do casal e atingiu a ex-mulher com mais de 15 facadas – Foto: Reprodução/Câmera de segurança

Durante o ataque, José Luiz empurrou um carrinho de pães contra a filha e esfaqueou Claudia pelas costas. A jovem ainda tentou intervir e foi atingida no tórax. “Ele olhou bem no meu olho e falou: ‘Você que foi malcriada comigo, agora vai ser a sua vez’”, contou.

Um vídeo registrado por câmera de segurança e obtido pela Ric RECORD mostra o filho de Claudia gritando por ajuda em frente à panificadora. Em seguida, ele pega um cavalete de anúncios para impedir o ataque do pai.

O irmão de Claudia, Marcos José de Souza, afirmou que o crime foi premeditado. “Ele afiou as facas antes de entrar. Ele veio pelos fundos, subiu o telhado e foi direto nela”, disse.

“Quando ele foi sair na maca, ele olhou no meu olho e falou que eu tinha escapado, mas que ele ia sair da cadeia e ia me levar junto”, revelou o jovem.

Claudia foi sepultada na quinta-feira (23), no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais. O ex-marido foi preso em flagrante e responde por feminicídio, tentativa de feminicídio e tentativa de homicídio.