O farmacêutico preso por falsificar medicamentos e viciar vítimas em fentanil – droga que causa dependência excessiva e é conhecida como a “droga da morte” – foi solto por decisão da Justiça nesta segunda-feira (16). A prisão aconteceu em março deste ano, no bairro Xaxim, em Curitiba.
A decisão da juíza Letícia Lilian Kirschnick Seyr, da Vara Criminal de Piraquara, acolhe pedido da defesa do réu por conta de um problema de saúde dele. No lugar da prisão, a magistrada determinou que o acusado use tornozeleira eletrônica durante o período de 90 dias, além de cumprir algumas medidas cautelares.
Entre essas medidas, estão o comparecimento mensal em Juízo até o final do inquérito, a proibição de se ausentar da comarca de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e a obrigação de se recolher a sua residência no período noturno, finais de semana e feriados.
O advogado do farmacêutico, Jackson Bahls, disse à Banda B que o réu é inocente e que tudo não passou de um engano.
“Houve um agravamento do estado de saúde dele, uma infecção nos rins, ele perdeu quase 25 kg nos seis meses em que ficou preso. A magistrada reconhece que não há mais razões para que ele continue preso. O que importa agora é que vamos comprovar a sua inocência e que tudo não passou de um engano, de desconhecimento daquela que investigou sobre questões relacionadas a medicamentos”, defendeu o advogado.
Investigações
De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontaram que o farmacêutico vendia substâncias consideradas medicações altamente viciantes – como morfina, metadona e fentanil.
“Apuramos que o suspeito chegou a vender a dose de fentanil para uma das vítimas pelo valor de R$ 10 mil, causando uma dívida exorbitante. Após viciar a vítima, o suspeito passava a fazer ameaças para ela e seus familiares para cobrar a dívida, dizendo que era policial e que havia matado diversas pessoas”, explicou a delegada Aline Manzatto.
Ainda segundo a delegada, a fentanil é uma droga “extremamente potente” e chega a ser “100 vezes mais forte que a morfina”. O medicamento conhecido como “droga da morte” nos Estados Unidos se tornou a principal causa de óbito entre pessoas com menos de 50 anos no país – onde há o Dia Nacional de Conscientização sobre o Fentanil.
A polícia também cumpriu um mandado de busca e apreensão em uma chácara de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, onde foram encontradas ampolas de morfina e outras medicações injetáveis de uso restrito a hospitais e de venda proibida.
Na sobreloja da farmácia em que o suspeito atuava, havia quatro salas com medicações vencidas, chegando a centenas delas, entre as quais remédios controlados e antibióticos.
Os remédios estavam sendo falsificados, tendo sua data de validade suprimida para, novamente, serem postas à venda. Além disso, havia testes para Covid, dengue e até HIV vencidos.
O suspeito já havia sido condenado por crimes de disparo de arma de fogo e peculato e estava em liberdade provisória. A pena prevista para os crimes praticados pelo farmacêutico podem ultrapassar os 30 anos de prisão.