O assassinato do empresário Gilmar Cremona, de 41 anos, ocorrido na noite do último dia 14 em São José dos Pinhais, ganhou novos desdobramentos nesta semana. Pela primeira vez, o pai e o irmão da vítima falaram sobre o crime e fizeram um apelo por justiça.

O empresário foi brutalmente esfaqueado dentro de casa. O corpo foi encontrado pelo próprio pai, José Cremona, que desabafou sobre a dor da perda.
“Não desejo para ninguém o que esse cara fez com o meu filho. Ele não merecia. É triste para um pai”, afirmou, em entrevista ao repórter Leonardo Gomes, da Ric RECORD.
O irmão de Gilmar, Valdemar Cremona, reforçou o sentimento de choque. “Nossa família é inteira do bem. A gente nunca fez mal para ninguém. A gente nunca brigou”, disse.
O crime foi cometido por um ex-funcionário do empresário, identificado como Juliano Falcão Struz, que se apresentou na delegacia e confessou o assassinato. Ele alegou ter sido ameaçado pelo empresário após cobrar uma suposta dívida de R$ 3 mil.
“Eu descobri que ele tinha recebido do trabalho que a gente tinha feito. Eu encontrei ele, falei do meu pagamento, ele só tava me enrolando. Falei que fui cobrar o dinheiro e pedi para ele não me ameaçar mais. A ameaça me deixou muito irritado. Foi nessa que eu desferi a facada no peito dele”, disse Juliano.
“Eu fiquei chateado pela ameaça, não pelo dinheiro. Não faz sentido matar alguém por R$ 3 mil”, completou.
O inquérito sobre o caso está sendo conduzido pela delegacia de São José dos Pinhais, e a expectativa é que Juliano seja indiciado e denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) nos próximos dias.
O que diz a defesa
Os advogados Caio Percival e Vinicius Rodrigues, que defendem o ex-funcionário Juliano Falcão Struz, afirmaram em nota que, embora ele tenha confessado o crime, o contexto do caso precisa ser analisado “com equilíbrio e técnica”.
“Nosso papel é garantir que todos os fatos sejam devidamente apurados, dentro do devido processo legal. Juliano assumiu a autoria, mas também relatou circunstâncias que ainda precisam ser investigadas com profundidade”, disseram.
Em outro momento, Percival relatou à Banda B que Juliano era “explorado” pela vítima. Segundo ele, Gilmar costumava atrasar os salários dos funcionários e não seguia as normas trabalhistas. “Para além disso, desse histórico de não pagamento, a vítima passou a intimidar o Juliano na terça-feira (14), enviando mensagens para ele, dizendo que iria pagar sim, mas ia enviar uma pessoa que é de conhecimento geral ali da região, uma pessoa com uma alta periculosidade”, disse o advogado.
Por se sentir ameaçado, Juliano teria decidido ir até a casa do ex-patrão para tirar “satisfação”, diz Caio Percival. “Uma discussão se desenvolve, momento então em que ele desfere as facadas. Juliano se sentiu ameaçado, Juliano se sentiu constrangido”, acrescentou a defesa.
“Afinal de contas, a vítima, além de não pagá-lo como deveria, ainda passou a intimidá-lo e falar que mandaria ali uma espécie de capanga para poder levar o dinheiro, o que fez com que o Juliano não tivesse outra atitude senão a de proteger a própria vida e também a de sua família”, concluiu.