O estudante de Biomedicina, de 21 anos, vai responder por homicídio doloso e exercício ilegal da profissão de medicina. A informação foi confirmada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (9), que informou que o rapaz continua sendo investigado pela morte de uma mulher, de 66 anos, após realizar procedimentos estéticos ilegais em clínicas de Curitiba. O rapaz não foi preso, pelo menos ainda.

Segundo a polícia, o jovem, que cursava o sétimo semestre de Biomedicina, é apontado como responsável por diversos procedimentos cirúrgicos e estéticos realizados sem formação, autorização ou qualquer tipo de esterilização adequada. Ele anunciava-se nas redes sociais como biomédico e dentista, mas segundo as investigações, não possuía formação em nenhuma dessas áreas.
De acordo com a delegada Camila Cecconello, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o estudante é investigado por homicídio com dolo eventual — quando o autor assume o risco de matar — e exercício ilegal da medicina.
“Esse rapaz anunciava que ele era formado em biomedicina. Porém, nós constatamos que ele não é formado nem em biomedicina, nem em odontologia, nem em medicina”
afirmou a delegada Camila Cecconello.
A vítima, identificada como moradora de Curitiba, vinha sendo atendida por ele desde maio. Passou por lipo de papada, aplicação de plasma facial e, por último, uma lipoenxertia nos seios — procedimento em que gordura é injetada na região mamária.
“Esse último procedimento, embora os outros também tenham dado alguns problemas, último procedimento levou essa vítima até o hospital. Ela teve uma infecção, chegou a ser retirado todo o seio dela, foi necrosada essa área do seio, também retirada uma parte do tórax. Mas devido a essa infecção bastante generalizada, ela acabou entrando em óbito em decorrência desses procedimentos”
explicou Cecconello.

Investigação
A investigação revelou que o estudante atendia em três ou quatro locais diferentes por dia, alugados conforme a demanda, e utilizava produtos sem registro e sem esterilização. A Vigilância Sanitária interditou os espaços e apreendeu diversas substâncias aplicadas ilegalmente em pacientes.
“Nós temos notícias de que pelo menos uns oito meses, esses meses podem ser muito mais. Agora com a divulgação, talvez acabe mais gente denunciando procedimentos que deram errado e que trouxeram prejuízo a essas vítimas”
acrescentou a delegada.
Sem flagrante, o estudante ainda não foi preso, mas o inquérito segue em andamento. A polícia agora rastreia a origem dos medicamentos usados e os locais onde ele atuava.
“Não foi possível realizar prisão em flagrante, tendo em vista que após o óbito da vítima, dois ou três dias depois a família procurou aqui a delegacia, então ele não estava mais em situação de flagrante pelo crime de homicídio. Mas foi instaurado um inquérito por homicídio doloso, embora ele não tenha tido a intenção de matar, ele assumiu o risco de produzir esse resultado, então homicídio com dolo eventual. A gente não pode adiantar os próximos passos da investigação, mas ele está sendo investigado pelo crime de homicídio e exercício ilegal da medicina”
concluiu a delegada.
