Outros dois professores de uma escola estadual de Irati, na região central do Paraná, foram afastados preventivamente das funções após surgirem suspeitas de crimes sexuais contra alunos. As informações foram confirmadas à Banda B pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e pela Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR).

De acordo com o Ministério Público, os casos envolvendo os dois novos docentes foram descobertos durante as investigações sobre o ex-vereador e professor Helio de Mello, denunciado por abusar sexualmente de alunos com idades entre 11 e 17 anos. Ele foi preso no dia 9 de outubro.

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Foto: Feliphe Schiarolli/Unsplash

“Os novos relatos sobre as possíveis condutas ilícitas chegaram ao MPPR a partir de depoimentos colhidos em escuta especializada realizada por uma força-tarefa composta pela Promotoria, o Conselho Tutelar, as secretarias municipais de Assistência Social e de Educação, o Núcleo Regional de Educação e a Delegacia de Polícia Civil”, informou o órgão.

A Seed-PR explicou que os docentes mencionados foram afastados de maneira cautelar e que a medida permanecerá em vigor até a conclusão das apurações competentes. “A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) informa que os docentes mencionados em denúncias de suposto assédio no Núcleo Regional de Irati foram afastados preventivamente de suas funções”, diz a nota.

O processo tramita sob sigilo e as identidades dos professores investigados não foram divulgadas.

A denúncia contra o ex-vereador

O ex-vereador e professor Helio de Mello (PL) foi denunciado pelo Ministério Público por pelo menos seis diferentes crimes sexuais contra alunos de um colégio estadual de Irati. Ele foi preso no último dia 9, após se entregar à polícia. O suspeito, que renunciou ao cargo de vereador, era considerado foragido.

Mello, de 55 anos, foi encaminhado ao sistema penitenciário após a prisão. Em nota enviada à Banda B, o advogado Ricardo Mathias Lamers afirmou que Helio “sempre esteve a disposição das autoridades, conforme comunicou formalmente no curso das investigações”. Disse ainda que o suspeito tomou conhecimento do mandado de prisão por meio da imprensa.

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O ex-vereador e professor Helio de Mello, suspeito de abusar sexualmente de sete alunos da rede estadual do Paraná — Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Irati

O investigado atuou como professor de educação física em uma escola na zona rural do município. Segundo o Ministério Público, Mello abusou sexualmente de crianças e adolescentes com idades entre 11 e 17 anos. Ele atuava como professor desde 2003 e, conforme o órgão, os crimes aconteceram entre 2017 e 2024.

As investigações começaram após o Conselho Tutelar do município receber, em 5 de agosto deste ano, uma denúncia anônima relatando que o professor teria abusado sexualmente de adolescentes do sexo masculino.

A denúncia lista 28 ocorrências relacionadas aos crimes supostamente cometidos. O professor e ex-vereador responderá pelos crimes de estupro de vulnerável, satisfação de lascívia na presença de criança ou adolescente, favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de menores ou vulneráveis, além de importunação e assédio sexual.

Irmã sabia e suspeito é afastado

Uma irmã do ex-vereador, que atuou como diretora na escola em que ele lecionava, também foi denunciada. No exercício do cargo, ela teria tido conhecimento de alguns dos abusos cometidos e não teria adotado qualquer providência.

A irmã dele foi denunciada pelos crimes de prevaricação, assédio sexual e favorecimento da exploração sexual de adolescentes — estes dois últimos na modalidade omissiva.

Os abusos teriam sido praticados tanto nas dependências do colégio em que ele atuava, como fora delas. “Ele se utilizaria da concessão de presentes ou pagamentos para obter encontros ou o envio de fotos íntimas das vítimas”, divulgou o MP.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) informou à Banda B que Helio foi afastado das funções como professor em agosto deste ano.

“A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) informa que o professor citado em denúncias foi afastado de suas funções em agosto de 2025, medida adotada imediatamente após a decisão do Poder Judiciário. Eventuais informações sobre a prisão do docente devem ser consultadas diretamente junto à Justiça, autoridade competente para tratar do caso”, diz o comunicado.