A mãe biológica da menina Ágatha Saraiva, de três anos, deverá ser indiciada pelo crime de sequestro, segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR). Emily Santos Saraiva, de 18 anos, e o namorado, Maicon Henrique Paco, de 30, são apontados como os principais suspeitos por raptar a criança no dia 11 de janeiro, em Cascavel, no oeste do Estado, e a levarem para Governador Valadares, em Minas Gerais – a cerca de 1.600 km de casa.
Ágatha foi localizada na cidade mineira na noite desta terça-feira (30), após investigações de “alta complexidade”, segundo a Polícia Civil. O resgate da menina aconteceu 19 dias após ela ter sido raptada em frente à casa da família que a acolheu há cerca de um ano. Emily e Maicon foram presos.
De acordo com o delegado Diego Martins, a menina foi encontrada em bom estado de saúde e passou por exames médicos na manhã desta quarta (31). A criança estava na casa de uma parente da mãe biológica, que também deve ser responsabilizada por envolvimento no crime. O delegado não revelou, porém, o grau de parentesco entre as duas.
“A pessoa que abrigou eles em Minas Gerais foi conduzida à delegacia e irá responder por favorecimento pessoal, por ter ajudado o casal a se esconder em sua casa. A menina passou por exames de lesões corporais e está bem, íntegra, não passou por nenhum tipo de risco com o casal”, explicou Martins, em coletiva de imprensa.
Além do crime de sequestro, Emily e o namorado por ser indiciados por outros crimes, segundo a delegada Graziele Lopes, do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes).
“Vamos ouvir as partes e verificar se cabe outro crime, se teve a participação de outras pessoas. A mãe e o namorado dela estão presos por sequestro”, disse.
De acordo com Diego Martins, a mãe da criança “entendeu que sua atitude foi desesperada e que fere a legalidade”. Ela e namorado deverão ser ouvidos formalmente nos próximos dias.
A menina deverá retornar para Cascavel no decorrer desta semana.
A Banda B tenta contato com a defesa dos suspeitos.
Nova família
O secretário de Assistência Social de Cascavel, Hudson Moreschi Jr., informou que Ágatha Saraiva será acolhida por uma nova família, ou seja, não voltará para os cuidados da dona de casa Marta Gonçalves, mulher que acolhia a criança no momento em que ela foi raptada.
“Quando ela chegar, teremos uma família acolhedora a aguardando para recebê-la e protegê-la. Ela estava acolhida e protegida e foi tirada de um lugar que não deveria ter sido tirada. Por questões de segurança e técnica, ela vai ser acolhida por outra família acolhedora”, disse Hudson.
Marta Gonçalves, porém, poderá ter contato com a criança. “A Marta vai ter todo o acompanhamento e cuidado necessário. Ela vai ter contato com a Ágatha, visto o vínculo criado entre as duas”, acrescentou o secretário.
O sequestro
A menina Ágatha Saraiva foi sequestrada no dia 11 de janeiro, em Cascavel (PR). Em entrevista à Banda B dois dias após o desaparecimento, Marta revelou acreditar que o rapto da menina foi premeditado pela mãe biológica. A criança foi acolhida por Marta Gonçalves por meio do programa Família Acolhedora – voltado ao apoio de pessoas em situação de risco.
Marta negou que a criança estivesse sozinha na frente de casa, no bairro Santo Cruz, quando foi levada. Segundo descreveu, Ágatha estava com seu filho mais velho no momento do crime.
“Ela não estava sozinha brincando na rua. Eu pedi para o meu filho me ajudar [a colocar roupas no carro], mas como ele fez uma cirurgia no joelho há um mês, ele não consegue andar com tanta facilidade. Eu abri o portão, coloquei o carro na garagem, e a Ágatha foi ajudando. Nisso, fui buscar mais sacolas de roupa dentro de casa e ficaram meu filho e a Ágatha na calçada. Quando virei as costas e cheguei na sala, meu filho gritou: ‘Mãe, a Ágatha! Eu virei para trás e a menina já estava entrando no carro. Meu filho, por causa da cirurgia no joelho, não conseguiu evitar. Ela [mãe biológica] pegou a Ágatha na frente dele”, relembrou Marta.
Segundo Marta, devido ao procedimento cirúrgico, o jovem não conseguiu impedir o rapto da criança.
A criança teria sido sequestrada pela mãe biológica e o namorado dela e colocada dentro de um veículo Ford Focus prata. O veículo foi apreendido pela Guarda Municipal horas após o crime, mas os suspeitos não foram localizados naquele dia.
Marta disse que a criança visitava a mãe biológica semanalmente em um espaço da Prefeitura de Cascavel. Nos dias de visita, um motorista da prefeitura buscava Ágatha em casa e a levava embora cerca de duas horas após o encontro. Marta nunca teve contato com a mãe biológica da menina por determinação do programa de acolhimento.
“Nós achamos que em uma dessas visitas, a mãe da Ágatha colocou alguém para seguir o motorista da prefeitura até minha casa. Foi tudo premeditado. Uma amiga dela, que me ligou e me bloqueou depois, falou que a mãe da Ágatha já estava pensando em fazer isso desde antes do Ano Novo”, revelou Marta.