Amanda Goulart quer que motorista sofra consequências por ato criminoso. Foto: AN/Banda B

 

Acontece na tarde desta quarta-feira (20), em Curitiba, audiência de instrução na acusação de estupro de um então motorista do aplicativo Uber contra a professora de inglês Amanda Goulart, de 27 anos, no fim de outubro de 2017. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) ofereceu denúncia pelo crime de estupro mediante violência (de vulnerável) por parte do jovem de 26 anos, que nega essa versão e garante ter acontecido um sexo consentindo.

De acordo com a acusação de Amanda, o abuso sexual aconteceu no bairro Portão, quando a vítima pediu por uma corrida por volta das 2h. Segundo ela, apesar do trajeto ser de seis minutos, teria ficado uma hora rendida pelo acusado, que nega tudo. A professora de inglês havia saído de uma despedida dos pais de amigos quando o estupro teria acontecido. Ela teria tomado garrafas de vinho e, segundo a acusação, o condutor se aproveitou da vulnerabilidade da vítima. Laudos confirmam que houve a relação sexual, já que Amanda era virgem antes de entrar no carro do motorista da Uber.

“A expectativa da Amanda é que a Justiça seja feita, já que ela passou por algo que deixou muitas marcas e cicatrizes, não se recuperando até hoje do que aconteceu. Esperamos que a Justiça seja feita da melhor maneira”, disse à Banda B José Iradi Fettermann de Carvalho, que é assistente de acusação contratado pela família da professora.

Sexo consentido

Banido do aplicativo, o motorista, que namorava na época e inicialmente negou até mesmo uma possível relação sexual em post que apagou na rede social Facebook, voltou para Santa Catarina, onde nasceu. Logo após o crime, ele acabou confirmando que houve um sexo consentido. “A denúncia do MP alega que o acusado, mediante violência, praticou o crime de estupro. Primeiro ponto: o laudo de lesão corporal deu negativo para violência. Segundo ponto: a promotora alega que houve estupro de vulnerável pela embriaguez, mas o exame toxicológico de urina e sangue deu negativo para álcool, drogas e medicamentos”, afirmou à Banda B o advogado de defesa Maurício Zampieri.

Segundo Zampieri, além dos laudos, o depoimento do porteiro do prédio da professora ,afirmando que ela não aparentava um estado de embriaguez, aponta que não houve um estupro. “Mesmo assim o MP ofereceu denúncia contra o acusado. Vamos provar que houve sexo consentindo, sem violência, e que ela estava consciente do que acontecia”, descreveu.

Outras testemunhas

A defesa de Amanda afirmou que os laudos são sempre relevantes e que a acusação tem os seus. Ainda, garantiu que testemunhas embaçam a tese de estupro. “Temos testemunhas oculares que estavam com ela e participaram do jantar, onde irão alegar os fatos, que ela havia consumido muitas garrafas de vinho e estava completamente embriagada. O MP acolheu a denúncia e estamos embaçados”, disse.

Por sua vez, a defesa do motorista mantém a alegação de que a professora manteve a relação com o motorista da Uber e depois se arrependeu. “No dia seguinte após o amanhecer, pela opção sexual dela (mulheres), veio o arrependimento e ela precisou contar para a namorada. Foram 40 minutos dentro do carro e imagens de câmeras de segurança mostram ela descendo do veículo sem cambalear e, ainda, em depoimento o porteiro afirma que não a viu em avançado estado de embriaguez”, destacou.

Em juízo, serão ouvidos nesta quarta-feira a vítima e testemunhas. Oacusado, que retornou para Santa Catarina, não deverá comparecer, sendo ouvido em outra oportunidade, de acordo com a defesa.