Everton Vargas, acusado de matar com um tiro na cabeça a youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, de 14 anos, foi condenado a 14 anos de prisão em regime inicialmente fechado e 10 dias multa por homicídio qualificado. A sentença foi proferida por volta das 3h da madrugada deste sábado (07), no quinto dia de julgamento, em Pontal do Paraná, no litoral do Estado.

Ao ler a sentença, a juíza agradeceu aos servidores do fórum e se emocionou. Everton foi condenado também a indenizar os pais de Isabelly. O valor de reparação de danos mínimo estipulado foi de 30 mil reais. Ele recebeu o direito de recorrer da decisão em liberdade.

O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por homicídio qualificado com motivo torpe e porte ilegal de arma de fogo e munições. O júri popular de Everton foi adiado duas vezes e ocorreu seis anos após o crime.

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O advogado Claudio Dalledone Jr. ao lado do acusado de matar a adolescente, Everton Veiga – Foto: Antônio Nascimento/Banda B

O Conselho de Sentença foi formado por sete jurados homens. O júri aconteceu no Fórum de Ipanema. Desde terça-feira (3), dez testemunhas arroladas pela defesa e pela assistência de acusação foram interrogadas. No segundo dia, a mãe da adolescente, Rosania dos Santos, foi ouvida pelo Ministério Público e pela assistência de acusação.

A sessão chegou a ser suspensa algumas vezes devido a discussões registradas no plenário. Uma das paralisações aconteceu após o promotor Rodrigo Sanches Martins chamar Claudio Dalledone Jr. de “mentiroso”.

Antes do início do último dia de julgamento, Everton Vargas disse à Banda B que tinha consciência de que seria condenado pelo homicídio da adolescente. Após classificar o júri popular como um “momento difícil” para ele e a família de Isabelly, o réu disse que esperava que a pena fosse “justa”.

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Da esq. para dir., Renan Canto, Everton Vargas e Claudio Dalledone Jr. – Foto: Antônio Nascimento/Banda B

“Eu tenho noção, sim, desde o primeiro momento que soube dessa tragédia [que vou ser condenado]. Eu tenho plena consciência de que vai sair minha condenação, mas espero que ela seja justa porque foi um ato gerado também por outro cidadão. Eu não fiz aquilo sozinho e espero que fique bem esclarecido isso”, afirmou Everton Vargas à reportagem durante a manhã.

O acusado finalizou a entrevista pedindo perdão mais uma vez à mãe da youtuber e dizendo ser culpado. “Hoje, é o dia que eu quero olhar para ela e pedir perdão. Espero que ela me perdoe. Eu sempre chamei a culpa para mim e estou pagando o preço por isso todos os dias. A pior sentença é a própria mente”, acrescentou.

O crime

Isabelly Cristine Domingos dos Santos morreu após ser atingida por um tiro próximo ao olho esquerdo, enquanto estava dentro de um carro com a família, no dia 14 de fevereiro de 2018, em Pontal do Paraná. O disparo teria acontecido após uma briga de trânsito.

A youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, morta aos 14 anos com um tiro na cabeça – Foto: Reprodução/Facebook

A jovem estava no banco traseiro do carro, ao lado da mãe, quando foi atingida pelo tiro. Ela chegou a ser socorrida ao hospital, mas morreu em seguida. De acordo com a polícia, a jovem tinha ido ao República Music Hall para entrevistar o MC Gustta para o seu canal no YouTube. A mãe dela pediu socorro a policiais militares que estavam em uma viatura no Balneário de Ipanema.

O advogado de Everton Vargas, Claudio Dalledone Jr., alega que ele “agiu para defender a família, acreditando se tratar de um assalto após o motorista do carro em que a Isabelly estava fazer uma manobra intimidadora na rodovia”.

“Segundo a assistência de acusação, não houve desentendimento de trânsito. Então, eu pergunto: se não houve, o que estamos fazendo aqui? Teve um desentendimento de trânsito que desbordou para um enfrentamento, tiros para cima que, desgraçada e tragicamente, acabou atingindo uma pessoa”, disse Dalledone à Banda B no primeiro dia de julgamento.

A assistente de acusação, Thaise Mattar Assad, disse na terça (3) que aguardava pela condenação de Everton por homicídio: “Nós estamos tratando do caso de uma menina de 14 anos que morreu com um tiro na cabeça. Se isso não é homicídio, eu não sei mais o que isso pode ser.”