Everton Vargas, acusado de matar com um tiro na cabeça a youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, de 14 anos, afirmou nesta sexta-feira (6) que tem consciência de que será condenado pelo homicídio da adolescente. O júri popular do réu, que está no quarto dia, acontece mais de seis anos após a morte da jovem.
A declaração de Vargas à Banda B aconteceu minutos antes de o julgamento ter início no Fórum de Ipanema. Após classificar o júri popular como um “momento difícil” para ele e a família de Isabelly, Everton disse esperar que a pena a ser aplicada “seja justa”.
“Eu tenho noção, sim, desde o primeiro momento que soube dessa tragédia [que vou ser condenado]. Eu tenho plena consciência de que vai sair minha condenação, mas espero que ela seja justa porque foi um ato gerado também por outro cidadão. Eu não fiz aquilo sozinho e espero que fique bem esclarecido isso”, afirmou Everton Vargas à reportagem.
O acusado finalizou a entrevista pedindo perdão mais uma vez à mãe da youtuber e dizendo ser culpado. “Hoje, é o dia que eu quero olhar para ela e pedir perdão. Espero que ela me perdoe. Eu sempre chamei a culpa para mim e estou pagando o preço por isso todos os dias. A pior sentença é a própria mente”, acrescentou.
Para o advogado de Everton, Claudio Dalledone Jr., o julgamento — que tinha previsão de durar dois dias — se estende devido à “falta de conhecimento dos autos por parte do promotor de Justiça”. A defesa do réu e o representante do Ministério Público, Rodrigo Sanches Martins, protagonizaram embates nos quatro dias de julgamento. Algumas discussões levaram à suspensão das sessões.
“Um dos fatores que mais está arrastando esse julgamento, que poderia ter sido resolvido em dois dias, é a falta de conhecimento dos autos por parte do promotor de Justiça, os atrasos, as interrupções… É um promotor que a Corregedoria do Ministério Público tem que observar. Ele levou 25 minutos para procurar um documento que não existia”, afirmou Dalledone à Banda B.
Everton Vargas deverá ficar em silêncio ao ser questionado pelo promotor, como adiantou a reportagem mais cedo. A decisão, disse o advogado Renan Canto, ocorre devido ao receio de anulação do júri, pois o representante da Promotoria “quase anulou o julgamento no terceiro dia”.
“Quase que a juíza teve de dissolver o Conselho de Sentença por inabilidade técnica, porque o doutor promotor, por cinco vezes, quis trazer elementos que não estavam no processo para dentro dessa sessão plenária. Isso é vedado em lei. Por inabilidade técnica, a defesa não vai permitir que o Ministério Público faça perguntas para que a gente não corra o risco de ter esse julgamento anulado”, afirmou Renan Canto ao final do terceiro dia de julgamento, nesta quinta (5).
O Conselho de Sentença é composto por sete homens, que serão responsáveis por decidir se o réu é culpado ou inocente. Após a apresentação de provas, depoimentos e argumentos da acusação e da defesa, o conselho se reunirá para analisar o contexto e tomar a decisão.