O caso de Frankielen Zampoli Padilha, ocorrido há oito anos em Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba, é um dos episódios mais comoventes já registrados na medicina brasileira.

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Foto: Arquivo pessoal.

Grávida de gêmeos e com apenas 20 anos, ela foi mantida viva por aparelhos por 123 dias, após sofrer um AVC hemorrágico, para que os bebês pudessem nascer com chances de sobrevivência.

Frankielen já era mãe de uma menina quando engravidou novamente. Em outubro de 2016, no segundo mês da gestação, começou a sentir fortes dores de cabeça. O marido, Muriel Padilha, dirigiu em busca de socorro, mas enfrentou recusas em dois hospitais entre Contenda e Araucária. Somente ao chegar em Campo Largo, ela conseguiu atendimento.

“As últimas palavras em vida que ela me disse foram: ‘vai preparado, porque eu vou ficar lá’. Depois disso, ela desmaiou”, relembrou Muriel, em entrevista à repórter Simone Giacometti, da Ric RECORD.

O médico Dalton Rivabem, responsável pelo atendimento, relatou que Frankielen chegou em estado gravíssimo. “Ela chegou com uma hemorragia intracerebral grave, já sem reflexos. Foi diagnosticado um aneurisma cerebral e, três dias depois, confirmamos a morte cerebral.”

Apesar da perda irreversível, a equipe médica decidiu lutar pelos bebês. “Ela estava apenas com dois meses de gestação. Ninguém da equipe tinha esperança que fosse viável. A ideia era manter os aparelhos enquanto houvesse batimentos cardíacos”, explicou Rivabem.

Contra todas as probabilidades, o corpo de Frankielen respondeu aos estímulos. Durante quatro meses, os médicos monitoraram cuidadosamente o desenvolvimento dos gêmeos. Até que, após 123 dias, foi necessário um parto de emergência. Os bebês nasceram prematuros, com seis meses de gestação, mas com saúde suficiente para sobreviver. Assim que nasceram, os aparelhos foram desligados.

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Oito anos depois…

Hoje, os três filhos de Frankielen vivem sob guarda compartilhada entre o pai e a avó materna, Ângela da Silva. “Não é fácil, mas a gente vai tocando a vida com a ajuda de Deus. Eles estão cheios de saúde. A gente tenta dar o melhor para eles”, contou Ângela.

Ela e a família nunca deixaram de contar às crianças a história da mãe. “Eles sabem que a mãe foi muito guerreira e que aguentou o máximo possível. Sabem que ela está no céu. Eles continuam sendo um milagre, cheios de vida e de saúde”, disse.