Desde que abandonou a toga para entrar no governo Jair Bolsonaro (PL), no final de 2018, o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) enfrentou vaivéns na sua vida política. Moro assumiu a pasta da Justiça com status de superministro, mas viu seu poder ser recorrentemente limado por Bolsonaro.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda no ministério de Bolsonaro, Moro sofreu grande desgaste com as revelações da Vaza Jato, quando mensagens mostraram que ele, enquanto juiz, havia aconselhado e colaborado com a Procuradoria durante a Operação Lava Jato. Deixou o governo acusando o então presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

Depois de um período no exterior, voltou ao país e ensaiou uma pré-candidatura à Presidência da República, mas mudou de partido e acabou se candidatando e se elegendo para o Senado. Agora, enfrenta um processo de cassação do mandato.

Veja os principais momentos em cinco anos de Moro na política.

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1) MINISTRO DE BOLSONARO

– 1.nov.2018 – Quatro dias após a eleição de Jair Bolsonaro, o então juiz da Lava Jato anuncia ter aceitado o convite do presidente eleito para assumir o Ministério da Justiça.

– 9.jun.2019 – Mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil e publicadas por diversos veículos, entre eles a Folha, revelam que Moro, enquanto juiz da Lava Jato, aconselhou e colaborou com a Procuradoria. A lei determina que um magistrado deve se manter imparcial diante das partes de um processo.

– 24.abr.2020 – Um ano e quatro meses depois de assumir o cargo, Moro deixa o governo após Bolsonaro decidir demitir o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo. O ex-juiz da Lava Jato rompe com o presidente acusando-o de interferência política na Polícia Federal.

“Não tenho condições de persistir aqui, sem condições de trabalho. (…) Não são aceitáveis indicações políticas” – No pronunciamento de anúncio de sua demissão do governo

2) INICIATIVA PRIVADA

– 30.nov.2020 – A empresa de consultoria global de gestão de empresas Alvarez & Marsal, administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht, anuncia a contratação do ex-ministro da Justiça como sócio-diretor para atuar na área de disputas e investigações.

3) PRÉ-CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

– 10.nov.2021 – Um ano depois e de voltar ao Brasil, Moro se filia ao Podemos, em um evento em Brasília montado para servir de ponto de partida da sua candidatura ao Palácio do Planalto.

– 31.mar.2022 – Moro troca o Podemos pela União Brasil, desiste da candidatura à Presidência.
“Esse não é um projeto pessoal de poder, mas sim um projeto de país. (…) Se, para tanto, for necessário assumir a liderança nesse projeto, meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro. Não fugirei dessa luta, embora saiba que será difícil.” – Discurso na solenidade de filiação ao Podemos

4) ELEIÇÃO AO SENADO

– 7.jun.2022 – O Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo decide que o ex-juiz não pode concorrer às eleições de 2022 pelo estado.

– 12.jul.2022 – Moro anuncia que irá disputar uma vaga no Senado pelo Paraná.

– 2.out.2022 – Moro é eleito senador com 1,9 milhão de votos, equivalentes a 34% dos votos válidos.

– 28.out.2022 – Após se reaproximar de Bolsonaro, Moro acompanha o então presidente a debates eleitorais, entre eles o realizado pela TV Globo no segundo turno, o último da campanha.

5) MANDATO DE SENADOR E PROCESSO DE CASSAÇÃO

– 1.fev.2023 – O ex-juiz toma posse de seu primeiro mandato eletivo.

– 21.jun.2023 – Moro vê o ex-advogado de Lula Cristiano Zanin ter a indicação ao Supremo Tribunal Federal aprovada pelo Senado.

– 14.dez.2023 – Ainda sob o impacto das críticas por ter aparecido sorrindo ao lado de Flávio Dino, o segundo indicado por Lula ao STF em 2023, Moro tem a cassação recomendada pelo Ministério Público Eleitoral do Paraná por abuso de poder econômico na campanha eleitoral.

“Não me surpreende o intensivo ataque daqueles que desejam ocupar o cargo que legitimamente conquistei nas urnas, com o apoio do povo paranaense. Aos meus eleitores e apoiadores, digo: não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar.” – Em resposta às críticas por não ter divulgado como votou na indicação de Flávio Dino ao STF