O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz muita gestão e pouca política. Esse é o diagnóstico da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Para ela, há risco para o país nas eleições de 2026 se o crescimento do “populismo extremista” se confirmar.
Por populista extremista, a ministra refere-se -sem citar nomes- ao “anarquista que se sente no direito de falar aquilo que quer, sem nenhum compromisso com a verdade ou com a responsabilidade de cumprimento de promessas depois”.
“A gente corre o risco, sim, de estar criando personagens para 2026 que vêm com um projeto que pode desestruturar a política como nós conhecemos até hoje no Brasil”, diz ela entrevista.
O mercado financeiro já começou a testar o nome do influenciador digital Pablo Marçal (PRTB), que disputa a Prefeitura de São Paulo, como eventual candidato à Presidência da República em 2026.
De acordo com o Datafolha, o autodenominado ex-coach estava empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos (PSOL) e com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A ministra faz “mea culpa” e diz que o governo se comunica mal e dialoga pouco. Ela considera que faltam mais líderes em torno da mesa na resolução dos problemas e defende uma linguagem mais simples. “A gente tem que trocar a tecnicidade, a fala complexa e técnica do direito e da economia, para chegar no cidadão”, afirma.
Tebet diz também que vê com preocupação as discussões para o ajuste no valor das emendas que servirá de base de cálculo para a nova regra de correção dessas verbas a partir do acordo no STF (Supremo Tribunal Federal).
Reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que a proposta que está na mesa é alinhar as emendas parlamentares à regra geral do arcabouço fiscal, que rege as contas públicas e permite uma expansão de despesas de até 2,5% acima da inflação ao ano.
Tebet vê o modelo com preocupação e alerta que as negociações devem levar em consideração o estrangulamento das despesas discricionárias (investimento e custeio) por conta do crescimento dos gastos obrigatórios.
Segundo ela, o aumento das emendas do Congresso Nacional não pode ser feito à revelia do crescimento vegetativo das despesas obrigatórias. O risco é de o espaço para os gastos discricionários ficar ainda mais apertado se as emendas forem corrigidas pela regra do arcabouço fiscal.
“A preocupação é, se o Congresso vier e disser o seguinte: Você pode estrangular as discricionárias do Executivo, mas o meu crescimento vai ser sempre de 2,5% como é o aumento da despesa”, alerta.
A ministra sugere que a correção das emendas seja igual ao crescimento das despesas discricionárias do Executivo. Tebet também defende que as emendas de comissão sejam atreladas ao novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ou a qualquer programa equivalente formulado pelos próximos presidentes.