O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, afirmou nesta quarta-feira (29) que o Estado se colocou à disposição do Rio de Janeiro após a megaoperação considerada a mais letal do Brasil, que deixou ao menos 119 mortos. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), voltou a defender a Operação Contenção e disse que as únicas vítimas da ação foram os quatro policiais que morreram em confrontos.

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Dezenas de corpos são levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro — Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo Teixeira, o contato foi feito por ordem do governador Ratinho Junior (PSD). “Entendo o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Não estou lá, mas fiz contato, por ordem do governador, com o secretário da Segurança do Rio, colocando o Estado do Paraná à disposição”, disse o titular da pasta, após apresentar dados à imprensa sobre a redução de homicídios dolosos no Paraná.

A ação policial registrada na zona norte do Rio ultrapassou o massacre do Carandiru em número de mortos e se tornou a mais letal do país. No massacre, que aconteceu em 1992 em São Paulo, 111 presos foram mortos por policiais após uma rebelião na Casa de Detenção do Estado. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro diz, por outro lado, que a operação matou 132 pessoas.

De acordo com o secretário, a oferta envolveu tanto apoio material quanto efetivo especializado, incluindo forças de operações especiais. A oferta, contudo, foi declinada pelo secretário estadual da Segurança Pública do Rio, Victor dos Santos. A megaoperação tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha.

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Moradores da Penha disseram ter encontrado mais de 70 corpos em área de mata — Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“Nos colocamos à disposição tanto de material quanto de efetivo das operações especiais. Para o momento, [o secretário] disse que não é necessário”, contou Hudson Leôncio Teixeira.

Questionado pelo repórter da Ric RECORD Kainan Lucas se o Paraná está preparado para uma possível fuga dos faccionados do Rio para o Estado, respondeu: “Estamos preparados sim! Temos todo um acompanhamento de inteligência.”

Moradores do Complexo da Penha levaram mais de 70 corpos para a Praça São Lucas na última madrugada. Os cadáveres não constavam nos números oficiais divulgados pelo governador Cláudio Castro. Os corpos foram encontrados em uma área de mata.

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Um dia após o intenso tiroteio entre policiais que participavam da megaoperação e integrantes do Comando Vermelho, aproximadamente 60 corpos de vitimados são encontrados na mata e levados por moradores para a praça São Lucas — Foto: Fabrício Sousa/Agência Enquadrar/Folhapress

“Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento no combate a criminalidade é bem-vindo. Os outros, que querem fazer politicagem, nosso recado é: suma. Ou soma ou suma. Não entraremos nessa armadilha de ficar querendo polarizar ou politizar uma das maiores ações que já houve”, disse o governador.

Castro afirmou que a operação foi um “sucesso”, a qual tinha o objetivo de cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços ligados à facção Comando Vermelho. Testemunhas alegaram que alguns corpos estavam amarrados e tinham marcas de facadas.