O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, afirmou nesta quarta-feira (29) que o Estado se colocou à disposição do Rio de Janeiro após a megaoperação considerada a mais letal do Brasil, que deixou ao menos 119 mortos. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), voltou a defender a Operação Contenção e disse que as únicas vítimas da ação foram os quatro policiais que morreram em confrontos.

Segundo Teixeira, o contato foi feito por ordem do governador Ratinho Junior (PSD). “Entendo o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Não estou lá, mas fiz contato, por ordem do governador, com o secretário da Segurança do Rio, colocando o Estado do Paraná à disposição”, disse o titular da pasta, após apresentar dados à imprensa sobre a redução de homicídios dolosos no Paraná.
A ação policial registrada na zona norte do Rio ultrapassou o massacre do Carandiru em número de mortos e se tornou a mais letal do país. No massacre, que aconteceu em 1992 em São Paulo, 111 presos foram mortos por policiais após uma rebelião na Casa de Detenção do Estado. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro diz, por outro lado, que a operação matou 132 pessoas.
De acordo com o secretário, a oferta envolveu tanto apoio material quanto efetivo especializado, incluindo forças de operações especiais. A oferta, contudo, foi declinada pelo secretário estadual da Segurança Pública do Rio, Victor dos Santos. A megaoperação tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha.

“Nos colocamos à disposição tanto de material quanto de efetivo das operações especiais. Para o momento, [o secretário] disse que não é necessário”, contou Hudson Leôncio Teixeira.
Questionado pelo repórter da Ric RECORD Kainan Lucas se o Paraná está preparado para uma possível fuga dos faccionados do Rio para o Estado, respondeu: “Estamos preparados sim! Temos todo um acompanhamento de inteligência.”
Moradores do Complexo da Penha levaram mais de 70 corpos para a Praça São Lucas na última madrugada. Os cadáveres não constavam nos números oficiais divulgados pelo governador Cláudio Castro. Os corpos foram encontrados em uma área de mata.

“Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento no combate a criminalidade é bem-vindo. Os outros, que querem fazer politicagem, nosso recado é: suma. Ou soma ou suma. Não entraremos nessa armadilha de ficar querendo polarizar ou politizar uma das maiores ações que já houve”, disse o governador.
Castro afirmou que a operação foi um “sucesso”, a qual tinha o objetivo de cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços ligados à facção Comando Vermelho. Testemunhas alegaram que alguns corpos estavam amarrados e tinham marcas de facadas.