O Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do Paraná, retomou às aulas na manhã desta segunda-feira (26). A volta às atividades ocorre uma semana após o ataque a tiros que matou o casal de namorados Luan Augusto, de 16 anos e Karoline Verri Alves, 17 anos.
O policiamento foi reforçado em frente ao colégio. Além de policiais militares, a escola contratou uma empresa de segurança terceirizada para monitorar a entrada e saída dos estudantes. Nesta primeira semana, o colégio não terá atendimento presencial – apenas por telefone e por e-mail.

Além do reforço na segurança, os estudantes receberão suporte psicológico. O trabalho será realizado em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL). A iniciativa é do governo do Estado após a tragédia envolvendo dois estudantes da instituição.
Ataque e vítimas
De acordo com a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública), por volta das 9h de segunda-feira (19), um homem de 21 anos que estudou no colégio até 2014 entrou na unidade e pediu seu histórico escolar. Segundo o secretário da pasta, Hudson Teixeira, o homem foi até o banheiro e vestiu uma capa preta, a mesma que aparece em um vídeo no qual ele faz ameaças -a Sesp não deu detalhes sobre essa gravação.

Ao sair do banheiro, ele começou a atirar no corredor e foi até o fundo do colégio. Ele usava um revólver calibre 38 e tinha 50 munições e sete carregadores. Foram 16 tiros no total. As balas atingiram dois estudantes, o casal de namorados Karoline Verri Alves, 17, e Luan Augusto da Silva, 16. O atirador foi preso minutos depois.
A jovem morreu na hora e foi velada nesta terça. Gravemente ferido, o outro adolescente foi levado para a Santa Casa de Cambé e depois acabou transferido para o Hospital Universitário de Londrina, segunda maior cidade do Paraná, mas também morreu.
Autor morto
O autor do ataque foi encontrado morto na noite do dia 21 de junho, em uma das celas da Casa de Custódia de Londrina. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP), o rapaz de 21 anos o óbito aconteceu por enforcamento.
Conforme apurou a Banda B, um colega de cela relatou que acordou e se deparou com o rapaz enforcado. O socorro médico foi acionado, mas o homem já estava morto.
Quatro presos
Em um primeiro momento, o Governo do Paraná chegou a afirmar que o atirador havia sido imobilizado por um professor do colégio que havia passado por treinamento recente sobre ataques a escolas.
Depois, porém, uma nova versão foi divulgada pelas autoridades, indicando que o atirador teria sido imobilizado por um homem que trabalha em um local próximo. Trata-se de Joel de Oliveira, 62, que disse à imprensa ter conseguido desarmar o atirador e segurá-lo até a chegada da PM.
Ainda na noite de segunda, a Polícia Civil anunciou que prendeu outro homem, suspeito de ajudar no plano de ataque à escola. Ele também tem 21 anos e sua identidade não foi revelada. Ambos estão sob custódia da Polícia Penal. Dias após, a polícia prendeu mais dois envolvido em invasão que deixou dois adolescentes mortos em Cambé.
Depoimento do atirador
Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, o crime foi planejado ao longo de meses, período em que o atirador comprou arma e munições.
Em depoimento, ele disse aos investigadores que o ataque foi uma “retaliação” pelo período em que sofreu bullying naquela escola, praticado por alunos que tinham a mesma idade dele à época, 15 anos.
De acordo com o secretário Teixeira, o atirador disse aos investigadores que tem esquizofrenia e que seu objetivo na escola era “matar o máximo de pessoas possíveis”. Ele não tinha vínculo com o casal de namorados que matou.
Repercussão
O caso em Cambé repercutiu nacionalmente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou uma mensagem em suas redes sociais na qual disse ter recebido a notícia do ataque com tristeza e indignação.
“Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade. É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas”, escreveu Lula.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que informações necessárias ao esclarecimento do crime na escola estão sendo compartilhadas entre o governo federal e a polícia do estado. “Novamente a apologia à violência, inclusive via internet, exerceu um papel essencial na tragédia”, afirmou.
O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto oficial de três dias. E informou nesta terça que vai reforçar o atendimento psicológico nas instituições de ensino de todo o estado.
Segundo ele, o Colégio Estadual Helena Kolody receberá a partir desta quinta (22) profissionais capacitados para atendimento de alunos, pais, professores e colaboradores.