JOANA CUNHA
A previsão do governo de manter a arrecadação de R$ 28,9 bilhões com a retomada dos tributos sobre a gasolina e o álcool dificilmente deve ser alcançada, avalia o consultor Adriano Pires, especialista em energia da CBIE. Pelas contas do consultor, os cálculos estão otimistas.
“Antes de cortar Pis Cofins, a gasolina sozinha arrecadava por ano algo como R$ 24 bilhões a R$ 25 bilhões. O álcool, cerca de R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões em 12 meses. Mas em janeiro e fevereiro já não arrecadou. Se voltar amanhã, vai ter uma arrecadação de dez meses. Então já não sei como chega aos R$ 28 bilhões”, afirma Pires.
Segundo o Ministério da Fazenda, “está assegurada 100% da arrecadação” projetada com a retomada de tributos sobre os combustíveis, conforme anunciado em janeiro, quando o ministro Fernando Haddad divulgou seu pacote fiscal com projeção de R$ 28,9 bilhões por meio dessa reoneração.
Pires avalia que o mais simples seria reonerar normalmente a gasolina e que o impasse envolve apenas um aspecto político pelo receio do governo de perder popularidade.
“Não faz sentido estar subsidiando donos de automóvel. Do jeito que está, se não reonerar, também tira competitividade do etanol, que é um combustível mais limpo. A única coisa que impede de voltar a reoneração é o medo da inflação”, diz Pires.