A ação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, foi a mais letal do país envolvendo policiais, segundo a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. Segundo a contagem oficial, foram 119 mortes, sendo 4 policiais.

Em outubro de 1992, tropas da Polícia Militar paulista mataram 111 presos na extinta Casa de Detenção, na zona norte, no que ficou conhecido como massacre do Carandiru.

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Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 – Dezenas de corpos são levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro — Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“O Cláudio Castro conseguiu o que ele queria. Se queria ser lembrado como o governador da barbárie, da carnificina, conseguiu”, disse Samira. A especialista acompanha casos de violência policial, como as operações Escudo e Verão, da PM paulista, em 2023 e 2024 e que deixou mais de 80 mortos na Baixada Santista.

Castro defendeu a Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, a qual classificou como sucesso.

“Não vamos ficar chorando, ajudaram ou não ajudaram. Não dá para contar com apoio, a gente fez a nossa operação e foi um sucesso. Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso.”
“De vítima, ontem, lá, só tivemos os policiais”, disse Castro em entrevista coletiva. Ele afirmou que a operação foi “um duro golpe” na criminalidade.

Um outro caso com centenas de mortes ocorreu em maio de 2006 em São Paulo, quando uma onda de violência tomou o estado após ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra forças de segurança.

Samira, no entanto, explica que, mesmo com a grande quantidade de assassinatos, não foi possível contabilizar quantas mortes foram cometidas realmente pela polícia. O contexto também aconteceu de forma diferente, uma vez que não ocorreu ao longo de um único dia ou horas, caso do Alemão, da Penha e do Carandiru.

Outra semelhança vista por Samira entre o ocorrido no Rio de Janeiro e a em São Paulo há 30 anos é de quem deve ser ouvido. Assim como os presos contaram o que viram, a versão dos moradores do Alemão e da Penha também devem ser levada em consideração.

“É uma história a ser contada pelos moradores. Não teve perícia [corpos foram levados direito para hospitais e recolhidos pelos moradores]. Os legistas vão identificar a causa do óbito e, no máximo, a trajetória do tiro. Vamos aguardar para ver se teremos imagens das câmeras corporais dos policiais. Mas veja, a perícia de corpo, que é a necroscópica, ela é insuficiente para contar essa historia”, acrescentou Samira.