Em poucos meses, a vida de Julio Cesar de Souza, de 27 anos, sofreu mudanças drásticas. Em dezembro do ano passado, ele descobriu que precisaria amputar o pé esquerdo em decorrência de uma infecção óssea provocada pela picada de uma aranha-marrom.

Morador de Matinhos, no litoral do Paraná, Julio atuava como voluntário em um clube de desbravadores e trabalhava como autônomo em um restaurante da cidade. Em novembro de 2022, ele e outros instrutores do clube viajaram com crianças e adolescentes para acampar em Eldorado (SP) – a cerca de 255 km de Matinhos (PR).

No acampamento, Julio acabou sendo picado por uma aranha-marrom (Loxosceles sp). Embora a espécie não apresente tanto perigo, a aranha-marrom geralmente pica quando é comprimida contra o corpo – o que ocorreu com o jovem. “No decorrer do acampamento, acabei me distraindo e, ao calçar o sapato, fui picado. Não bati o tênis”, recorda Julio.

Jovem abre vaquinha para comprar prótese após ser picado por aranha-marrom e ter pé amputado
O jovem Julio Cesar de Souza – Foto: Arquivo pessoal

Após o incidente, ele chegou a procurar atendimento médico no mesmo dia, mas resolveu retornar a Matinhos, onde deu início a um tratamento. “Também fiz tratamento em Campo Largo [PR]. Não pediram exames e não analisaram como estava por dentro”, acrescentou.

Cerca de um ano depois, em dezembro do ano passado, Julio passou a apresentar sintomas como febre e desmaios.

“Eu não sabia o porquê [dos sintomas], já que meu pé parecia quase 100% curado. Mesmo assim, fui na UPA em Matinhos e acabei sendo transferido para o Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá. Lá, o médico viu meu histórico e pediu exames completos”, explicou.

Os resultados dos exames solicitados pelo médico, contudo, apontaram para uma infecção óssea. A descoberta veio em meio ao recente diagnóstico de diabetes, o que agravou o quadro dele.

“O veneno [da aranha] causou essa infecção que atingiu os ossos. Durante o tratamento, descobri ser diabético, o que piorou a situação. O médico não teve o que fazer e optou por amputar apenas o pé para conseguir salvar os outros membros e órgãos. A infecção poderia entrar na corrente sanguínea”, destacou.

Ele se viu, então, diante da necessidade de criar uma vaquinha online para arrecadar a quantia necessária para comprar uma prótese, que custa cerca de R$ 7 mil. Mesmo em processo de reabilitação, ele precisa do equipamento para voltar a andar.

“Fiquei sem renda. Pelo SUS, demora entre 10 meses e um ano para conseguir a prótese. Tendo ela, em 30 dias vou estar reabilitado e poderei voltar a andar”, disse.

Como ajudar

Para doar qualquer quantia em dinheiro a Julio clique aqui. Até a manhã desta sexta-feira (19), a campanha havia arrecadado R$ 546,99. Também há a possibilidade de doar via Pix: 093.925.899-48.

A aranha-marrom

Curitiba e região metropolitana são os locais com maior ocorrência da aranha-marrom no Brasil, segundo a prefeitura da cidade. Entre janeiro e novembro de 2023, foram registrados 708 casos de acidentes com aranhas-marrom na capital paranaense.

Segundo o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Alcides de Oliveira, cerca de 85% dos casos são leves e tratados com antialérgicos ou corticoides. “A aranha-marrom não é agressiva, geralmente ela pica quando é comprimida contra o corpo, quando a pessoa coloca uma roupa ou um sapato sem uso há muito tempo e onde o animal se alojou”, destaca.

Jovem abre vaquinha para comprar prótese após ser picado por aranha-marrom e ter pé amputado
Acidentes envolvendo aranha-marrom costumam aumentar em épocas mais quentes – Foto: Rogério Machado/SMSC

A espécie mede de 3 a 4 cm, tem pernas longas e finas, e seu abdome é arredondado. Ela costuma ser encontrada em ambientes quentes e secos.

Embora a picada não provoque dor em um primeiro momento, os sintomas geralmente aparecem cerca de seis horas depois – podendo evoluir para casos mais graves em 72 horas.

“O ardor no local, seguido de inchaço e vermelhidão, são os indicativos mais fortes de que você foi picado por uma aranha-marrom”, alerta o médico. “Se não houver tratamento, pode evoluir para uma lesão que leva muito tempo para cicatrizar, exigindo, às vezes, até um enxerto de pele.”

O que fazer se fui picado por uma aranha-marrom?

🕷️ Lave bem o local do ferimento e procure atendimento (se possível, leve junto a aranha para auxiliar na identificação da espécie e, consequentemente, no tratamento);

🕷️ Não manuseie ou esprema a lesão;

🕷️ Evite realizar esforços, atividades físicas, se expor ao sol, banhos quentes ou outra forma de contato como calor;

🕷️ Não aplique remédios, pomadas ou produtos caseiros.