“Só fico pensando no desespero das famílias que não têm notícias”. É desta forma que a professora universitária Valquíria John iniciou seu relato sobre as cenas vistas por ela e outros passageiros de um ônibus de turismo ao se depararem com o deslizamento que atingiu um trecho da BR-376, na noite desta segunda-feira (28), em Guaratuba, no litoral do Paraná.

A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) disse à Banda B nesta terça (29) acreditar que um atraso de aproximadamente 30 minutos contribuiu para que ela e os demais passageiros de um ônibus – que saiu de Florianópolis (SC) e tinha como destino a cidade de Curitiba (PR) – não estivessem entre as vítimas do incidente, que deixou ao menos duas pessoas mortas.

“Era para eu ter saído pouco depois das 16h de Itajaí [SC], mas houve um atraso, que foi providencial, pois ficamos a cerca de um quilômetro do local onde houve o deslizamento. O trânsito estava bem lento para chegar até lá. Se não tivéssemos atrasado, estaríamos lá. O atraso contribuiu para que não estivéssemos entre as vítimas, e isso virou consenso entre os passageiros”, disse Valquíria.

Valquíria John leciona para os cursos de comunicação da UFPR – Foto: Arquivo pessoal

O deslizamento de terra foi registrado no km 669 da BR-376 e interditou totalmente a via. O Governo do Paraná informou nesta terça (29) que ao menos 15 carros e seis caminhões foram atingidos no incidente. A Defesa Civil, por outro lado, comunicou que ainda não é possível precisar o número de vítimas.

Valquíria relatou que a previsão de chegada ao seu destino era por volta das 20h. No entanto, às 19h30 o ônibus teve o tráfego interrompido devido ao deslizamento, que aconteceu às 19h. “Ficamos quase quatro horas parados ali no trecho. Chegamos a andar cerca de um quilômetro, mas só saímos de lá por volta das 23h30”, prosseguiu.

Após o motorista da linha receber informações sobre o ocorrido por parte da polícia e do Corpo de Bombeiros, foi necessário aguardar um posicionamento da empresa responsável pela viagem. Depois de quase duas horas de espera, houve a determinação de que ele deveria retornar a Florianópolis.

Foto: Governo do Paraná.

“Vimos uma água barrenta e chovia muito. Depois disso, conseguimos ter noção um pouco do que estava acontecendo. Eu estou em Itajaí e cheguei depois das 4h da manhã. Não consigo nem pensar em pegar estrada mais.”

Agentes da Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros seguem procurando por vítimas, embora haja risco de novos deslizamentos no local. A procura é feita com auxílio de cães farejadores. Não há previsão de liberação do tráfego de veículos no trecho.

Na tarde desta terça, o Governo do Paraná declarou situação de emergência na região leste do Estado e anunciou a criação de um gabinete de crise para concentrar a tomada de decisões em relação à tragédia.