Desde junho do ano passado, o nome dele não consta mais no sistema de desaparecidos do Paraná. Por mais de 30 anos, porém, a foto dele esteve presente nos pedidos de ajuda por informações. Leandro Bossi tinha 7 anos quando foi visto pela última vez, em show realizado na Praia Central de Guaratuba. Foi a partir daí, que o dia 15 de fevereiro se tornou simbólico para pais e irmãos do menino. Exatos 31 anos depois, a família admite a dificuldade para obtenção de pistas, mas diz que ainda espera respostas para o caso.

Morte de Leandro foi confirmada apenas em 2022

Com a confirmação de que a ossada encontrada em Guaratuba no ano de 1993 é de Leandro, o caso ganhou ainda mais proximidade com a morte de Evandro Ramos Caetano, de 6 anos. Foi no mesmo matagal que Evandro foi encontrado morto um ano antes.

A investigação de ambos os casos, porém, parece ter retornado à estaca zero. Com uma acusação viciada, novos materiais obtidos pelo jornalista Ivan Mizanzuk confirmaram a ocorrência de tortura contra os 7 acusados pela morte de Evandro. Trinta e um anos depois, poucos acreditam que os casos ainda possam ter solução.

Uma das que acredita, porém, é a irmã de Leandro, Neli Steffen Bossi. Segundo ela, a esperança sempre irá existir.

“Se naquela época já não foi investigado direito, hoje em dia é muito mais difícil. A gente tenta de todas as maneiras encontrar o responsável por quem matou essas crianças”, diz.

O corpo de Leandro foi identificado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) após comparação do material genético encontrado no matagal com o sangue da mãe, Paulina Bossi.

Neli cita que o sentimento da família, desde a confirmação da morte, é de injustiça.

“É um sentimento de impotência, porque o teste de DNA nunca foi refeito. A gente acabou vivendo por 30 anos uma mentira e, mesmo depois de o material ser encontrado, a gente ainda não recebeu essa ossada. Até hoje a gente não pôde fazer um enterro e dar um fim a essa história”, lamenta.

Perdão oficial

No fim de 2021, o Governo do Paraná formalizou um pedido de perdão às famílias de Leandro e Evandro. Para a irmã, isso ainda é muito pouco.

“Foi uma carta e uma coletiva de imprensa, nada mais. É um sentimento de revolta e espero que um dia a gente possa conseguir. Para muita gente, isso é apenas uma história, mas não vamos descansar enquanto a gente não ter justiça”, conclui.