O advogado Claudio Dalledone Junior, que defende Everton Vargas, acusado de matar com um tiro na cabeça a youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, vai pedir a anulação do júri que terminou neste sábado (07) com a condenação a 14 anos de prisão do réu. Ele apontou diversas irregularidades no julgamente, especialmente em relação à atuação do promotor Rodrigo Sanches Martins e também por conta de um dos jurados, o qual teria uma condenação por crime de trânsito.
“O julgamento foi nulo. Foi promovida uma acusação privada. O promotor não fez a acusação, ele deixou os advogados privados procederem toda a acusação. A lei determina que isso não aconteça. Outra coisa é a postura do promotor, por exemplo xingando o advogado, se portando de maneira altamente reprovável. Sem contar que um dos jurados é condenado por direção perigosa e não poderia fazer parte do júri. Vamos fazer esse júri de novo”, defendeu Dalledone.
O advogado de defesa disse ainda que a votação por 4 (votos pela condenação) a 3 (votos pela absolvição) é um resultado apertado que não reflete vitória ou derrota de nenhum dos lados.
Condenação
Everton Vargas foi condenado a 14 anos de prisão em regime inicialmente fechado e 10 dias multa por homicídio qualificado. A sentença foi proferida por volta das 3h da madrugada deste sábado (07), no quinto dia de julgamento, em Pontal do Paraná, no litoral do Estado.
Ao ler a sentença, a juíza agradeceu aos servidores do fórum e se emocionou. Everton foi condenado também a indenizar os pais de Isabelly. O valor de reparação de danos mínimo estipulado foi de 30 mil reais. Ele recebeu o direito de recorrer da decisão em liberdade.
O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por homicídio qualificado com motivo torpe e porte ilegal de arma de fogo e munições. O júri popular de Everton foi adiado duas vezes e ocorreu seis anos após o crime.
O Conselho de Sentença foi formado por sete jurados homens. O júri aconteceu no Fórum de Ipanema. Desde terça-feira (3), dez testemunhas arroladas pela defesa e pela assistência de acusação foram interrogadas. No segundo dia, a mãe da adolescente, Rosania dos Santos, foi ouvida pelo Ministério Público e pela assistência de acusação.
A sessão chegou a ser suspensa algumas vezes devido a discussões registradas no plenário. Uma das paralisações aconteceu após o promotor Rodrigo Sanches Martins chamar Claudio Dalledone Jr. de “mentiroso”.
Antes do início do último dia de julgamento, Everton Vargas disse à Banda B que tinha consciência de que seria condenado pelo homicídio da adolescente. Após classificar o júri popular como um “momento difícil” para ele e a família de Isabelly, o réu disse que esperava que a pena fosse “justa”.
O crime
Isabelly Cristine Domingos dos Santos morreu após ser atingida por um tiro próximo ao olho esquerdo, enquanto estava dentro de um carro com a família, no dia 14 de fevereiro de 2018, em Pontal do Paraná. O disparo teria acontecido após uma briga de trânsito.
A jovem estava no banco traseiro do carro, ao lado da mãe, quando foi atingida pelo tiro. Ela chegou a ser socorrida ao hospital, mas morreu em seguida. De acordo com a polícia, a jovem tinha ido ao República Music Hall para entrevistar o MC Gustta para o seu canal no YouTube. A mãe dela pediu socorro a policiais militares que estavam em uma viatura no Balneário de Ipanema.
O advogado de Everton Vargas, Claudio Dalledone Jr., alega que ele “agiu para defender a família, acreditando se tratar de um assalto após o motorista do carro em que a Isabelly estava fazer uma manobra intimidadora na rodovia”.
“Segundo a assistência de acusação, não houve desentendimento de trânsito. Então, eu pergunto: se não houve, o que estamos fazendo aqui? Teve um desentendimento de trânsito que desbordou para um enfrentamento, tiros para cima que, desgraçada e tragicamente, acabou atingindo uma pessoa”, disse Dalledone à Banda B no primeiro dia de julgamento.
A assistente de acusação, Thaise Mattar Assad, disse na terça (3) que aguardava pela condenação de Everton por homicídio: “Nós estamos tratando do caso de uma menina de 14 anos que morreu com um tiro na cabeça. Se isso não é homicídio, eu não sei mais o que isso pode ser.”