A Justiça dos Estados Unidos aceitou nesta sexta-feira (26) o pedido de recuperação judicial da companhia aérea Gol. Agências de risco estimam que a dívida da empresa seja de R$ 20 bilhões.
O pedido foi aceito pelo juiz-chefe da corte de falências de Nova York, Martin Glenn.

Conforme a decisão, as partes, sejam pessoas físicas, sócios, corporações, estrangeiras ou nacionais, ficam proibidas de abrir ou dar continuidade a quaisquer ações judiciais ou administrativas contra os devedores.

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Foto: Divulgação

Eles também não poderão executar, contra os devedores ou seus bens, sentenças obtidas antes do início do chapter 11, entre outros impedimentos. Com a decisão judicial, a Gol também garante manutenção e proteção de suas licenças e concessões, uma vez que a Justiça proibiu atos de revogação e suspensão dessas autorizações.

A companhia aérea iniciou o processo americano, conhecido como chapter 11 -proteção contra falência nos EUA-, na quinta-feira (25) com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.
De acordo com a Gol, a medida é tomada para fortalecer sua posição financeira. A companhia afirmou que todos os voos operam conforme o programado e todas as passagens aéreas e reservas permanecem em vigor.

A companhia aérea brasileira é representada no processo pela consultoria Seabury Capital, uma das maiores em reestruturação de dívida no setor aéreo.

O presidente da consultoria, John Luth, relembra em petição sua experiência como administrador da reestruturação da dívida da colombiana Avianca, cujo DIP (sigla para debtor in possession, que é o compromisso de financiamento) chegou a US$ 2 bilhões, e em uma tomada de crédito por parte da Azul, de US$ 325 milhões.

A principal tarefa da Seabury, contratada no fim do ano passado, seria buscar uma saída com os cerca de 25 lessores (arrendadores de aeronaves) para renegociar a dívida financeira.

A Gol deve para entre 50.001 e 100.000 credores, mostra o pedido protocolado no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York na tarde de quarta (25).

O documento entregue pela Gol aponta apenas as 30 maiores dívidas, a 27 empresas. Esses compromissos somam um débito de R$ 4,76 bilhões, na cotação atual. A relação obtida pela Folha foi publicada primeiro pelo jornal O Globo.

No topo da lista de credores com mais créditos a receber estão o banco americano BNY Mellon (dívidas financeiras), o Comando da Aeronáutica (por serviços de controle de tráfego aéreo e auxílio de navegação), a distribuidora de combustíveis Vibra (antiga BR) e a fabricante de aeronaves Boeing.

Ainda nesta sexta (26), a Fitch Ratings rebaixou as classificações de risco de crédito de longo prazo em moeda estrangeira e local da Gol de “CCC-” para para “D”. A classificação de escala nacional de longo prazo também baixou para “D(bra)” de “CCC-(bra)”.

O motivo foi o pedido de proteção contra falência pelo chapter 11 na quinta (25).

A análise da Fitch considera que a GOL ainda será considerada uma empresa em funcionamento durante a reestruturação e que a empresa será reorganizada em vez de liquidada.