Os Estados Unidos prometeram nesta terça-feira (1º) “consequências severas” após o lançamento de cerca de 200 mísseis e foguetes do Irã a Israel. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não detalhou como seria essa retaliação.
Sullivan afirmou que a situação está em evolução e que Washington e Tel Aviv ainda discutem em conjunto os próximos passos. Ele disse ainda que a prioridade é assegurar os interesses americanos e a estabilidade da região.
Segundo ele, o presidente Joe Biden e a vice, Kamala Harris, acompanharam o ataque da Sala de Crise da Casa Branca. Mais tarde, o democrata disse que iria falar com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu. “Não se engane, os EUA estão totalmente, totalmente, totalmente ao lado de Israel”, afirmou.
Netanyahu, por sua vez, prometeu retaliação. “O Irã cometeu um grande erro esta noite, e vai pagar por isso”, disse no início de uma reunião. “O regime do Irã não compreende a nossa determinação em nos defendermos e a nossa determinação em retaliar contra os nossos inimigos”.
A avaliação tanto de Washington, como de Tel Aviv, era de que o ataque foi derrotado e sem registro de mortes. A Guarda Revolucionária iraniana, por outro lado, chegou a dizer que 90% de seus alvos foram atingidos.
Horas após os disparos contra Israel, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, escreveu na plataforma X, nesta terça-feira (1º), que as ofensivas contra o rival podem ficar “mais fortes e dolorosas”.
“A vitória vem de Alá e está próxima”, publicou ele. “Os golpes da frente de levante se tornarão mais fortes e dolorosos no corpo desgastado e apodrecido do regime sionista.”
A chancelaria de Teerã pediu ainda que as Nações Unidas evitem uma nova escalada do conflito no Oriente Médio e que tomem “medidas significativas” para evitar ameaças contra a paz e a segurança na região. A diplomacia iraniana também afirmou, cerca de sete horas após o início dos lançamentos, que o ataque desta terça estava concluído.
Já o Hamas, grupo que acendeu a fagulha para o estágio de conflagração atual da região quando atacou Israel há quase um ano, elogiou o ataque de Teerã, sua aliada e financiadora.
“Parabenizamos o lançamento heroico de foguetes realizado pelo Corpo de Guardas da Revolução Islâmica no Irã em grandes áreas de nossos territórios ocupados, em resposta aos crimes contínuos da ocupação contra os povos da região e em retaliação pelo sangue dos mártires heroicos de nossa nação”, afirmou o grupo em comunicado.
Aliada cada vez mais próxima do Irã, a Rússia aproveitou a ocasião para criticar os EUA e a política do adversário no Oriente Médio.
“Trata-se do fracasso total da administração Biden no Oriente Médio. Uma tragédia sangrenta que só piora. As declarações desarticuladas da Casa Branca demonstram sua total impotência para resolver a crise”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.
Até a publicação desta reportagem, o governo brasileiro não havia se pronunciado sobre os ataques iranianos.
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota na tarde desta terça na qual informa acompanhar com “grave preocupação” as operações militares terrestres das forças de Israel na região sul do Líbano. A ofensiva iraniana não foi mencionada neste comunicado.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, condenou “nos termos mais enérgicos” o ataque do Irã contra Israel.
“O perigoso ciclo de ataques e represálias corre o risco de sair do controle. É necessário um cessar-fogo imediato em toda a região”, publicou Borrell no X. “A UE segue completamente comprometida a contribuir para evitar uma guerra regional.”
Foram com termos semelhantes que a Alemanha e o Reino Unido condenaram os ataques.
A Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, condenou o ataque iraniano a Israel “nos termos mais fortes possíveis”.
“Advertimos urgentemente o Irã sobre essa perigosa escalada. O Irã deve parar o ataque imediatamente. Está levando a região ainda mais à beira do abismo”, disse Baerbock em uma postagem no X.
Já o Reino Unido disse que “condena completamente” as ações iranianas após o disparo de uma salva de mísseis balísticos contra Israel e pediu a desescalada do conflito em toda a região, disse o gabinete do primeiro-ministro Keir Starmer nesta terça.