VANCOUVER, CANADÁ (FOLHAPRESS) – A pesquisadora canadense Elizabeth Dunn se especializou em felicidade e descobriu que somos mais felizes quando abrimos a carteira para ajudar o próximo.

Mas logo notou um problema: ela mesma não se sentia nada melhor ao doar dinheiro para uma instituição de caridade e, portanto, passou a duvidar de suas próprias conclusões acadêmicas.

“Comecei a me perguntar o que estava errado com minha pesquisa. Ou será que o problema era comigo?”, disse Dunn numa palestra do TED, na quarta-feira (17), em Vancouver.

Mulher fala ao palco da conferência TED Elizabeth Dunn participa da conferência TED 2019 em Vancouver, no Canadá – Bret Hartman/ TED

Através de pesquisas, ela conta que havia comprovado que até mesmo bebês ficavam mais felizes quando davam algo aos seus pares. E falou de uma análise de 200 mil adultos pelo mundo, onde quase um terço havia afirmado ter doado algum dinheiro no último mês: as regiões com mais doadores eram onde estavam as pessoas mais felizes.

“Comecei a me perguntar se isso era algo da natureza humana”, disse Dunn, professora do departamento de sociologia da University of British Columbia, no Canadá. Ela é também coautora do livro “Happy Money: The Science of Happier Spending” (“Dinheiro feliz – a arte de gastar com inteligência”, Elizabeth Dunn e Michael Norton, Jsn Editora, 2014, R$ 30).

Mas doar simplesmente para instituições reconhecidas não parecia ser o suficiente. Até ela conhecer o programa do governo chamado “Group of Five”, que permite a um grupo de cinco cidadãos canadenses patrocinar refugiados, levantando fundos suficientes para sustentar uma família por um ano no Canadá.

“Criamos um grupo de 25 pessoas e, depois de dois anos de burocracias e espera, nossa família estava num avião para nos encontrar em Vancouver”, contou Dunn. A família de refugiados sírios era composta por quatro filhos, e a mãe reencontrou a irmã que não via fazia 15 anos.

A experiência fez Dunn voltar aos estudar e tirar novas conclusões. O benefício que vem do ato de doar é maior quando existe uma sensação real de conexão e melhoria com as pessoas ou comunidades beneficiadas.

“Apenas dar dinheiro não é suficiente. Você precisa visualizar como seus dólares vão fazer a diferença”, afirmou.
Ela fez um experimento onde as pessoas podiam doar para duas instituições: Unicef ou Spread the Net, dois grupos parceiros que ajudam na saúde das crianças.

Como a Unicef é uma organização grande, Dunn acreditava que poderia ficar difícil de visualizar como uma pequena doação faria diferença.

Enquanto a Spread the Net oferece uma proposta concreta: para cada US$ 10 doados, eles dão uma rede de cama para proteger uma criança do mosquito da malária.

“Quanto mais dinheiro as pessoas davam para o Spread the Net, mais felizes elas diziam se sentir”, disse. “Em contraste, esse retorno emocional do seu investimento era completamente eliminado para quem dava a Unicef”, disse.

“Se você tem uma caridade, não presenteie seus doadores com canetas e calendários. Dê algo que mostre o impacto que sua generosidade está tendo”, afirmou. “Dê a chance de conectar os indivíduos com as comunidades que eles estão ajudando.”

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Doar dinheiro traz felicidade, mas não qualquer tipo de doação, diz pesquisadora

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