Por JOSÉ MARQUES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, alvo de um mandado de prisão expedido pela Lava Jato do Rio de Janeiro, disse nesta segunda-feira (25), por meio de ofício, estar à disposição para ser investigado e julgado no próprio país que comandou.

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

No documento apresentado à Fiscalía General (Procuradoria-Geral) do Paraguai, apresentado por meio do advogado Pedro Ovelar, Cartes diz que se apresenta ao órgão “a fim de que, se entendem que corresponde por virtude do princípio da territorialidade, investiguem e julguem os feitos e condutas atribuídos à minha pessoa”.

Ele acrescenta que as condutas apontadas pelas autoridades brasileiras são “situadas espacialmente” no Paraguai.
“Entendemos que é uma questão de soberania, independência e competência exclusiva do Ministério Público do Paraguai”, disse Ovelar a jornalistas, após entregar o ofício.

Cartes é suspeito de ter auxiliado com US$ 500 mil (R$ 2,07 milhões) o doleiro Dario Messer enquanto ele estava foragido da Justiça brasileira, entre maio de 2018 e julho deste ano, quando foi preso.

Messer ficou, segundo as investigações, até outubro de 2018 no Paraguai, país governado por Cartes até agosto do ano passado.

O ex-presidente, que é senador, foi incluído no alerta vermelho da Interpol. Sua defesa tem dito que Cartes não pode ser preso no Paraguai por ter imunidade.

No ofício assinado por Cartes, ele envia cópia dos documentos da investigação brasileira aos procuradores paraguaios. Segundo ele, esses documentos apontam que as supostas ações aconteceram apenas no Paraguai.

O Ministério Público Federal do Rio afirma que Messer enviou uma carta ao ex-presidente Horacio Cartes -a quem chamava de “patrão”- solicitando US$ 500 mil para gastos jurídicos. Nesta carta, Dario escreveu a Cartes que precisaria de “seu apoio de sempre”.

O intermediário desta entrega, segundo o Ministério Público, foi o empresário brasileiro Roque Fabiano Silveira, que vive no Paraguai e foi condenado pela Justiça por contrabando.

Também alvo na operação, ele abrigou Messer em sua fazenda num dos períodos em que esteve foragido no Paraguai, segundo a Polícia Federal.

Cartes é amigo de longa data de Messer, a quem chamava de “irmão de alma”. O ex-presidente manteve relações próximas com o pai do doleiro, Mordko Messer, que o ajudou na década de 1990, quando esteve na mira da Justiça por evasão de divisas.

O nome da fase da Lava Jato que expediu mandado contra Cartes, do último dia 19, se chamou Operação Patrón.
Segundo a Polícia Federal, a investigação identificou cerca de US$ 20 milhões ocultados, no total, sendo US$ 17 milhões num banco nas Bahamas e o restante no Paraguai.

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Com mandado de prisão da Lava Jato, ex-presidente pede para ser investigado no Paraguai

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