O fechamento de duas fábricas no Rio Grande do Sul foi responsável pela demissão de 500 trabalhadores na última segunda-feira (1º). As indústrias fechadas foram a Deca, marca da Duratex, em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, e a Nestlé, em Palmeiras das Missões, a 312 km da capital gaúcha, no noroeste do estado.

Os 480 empregados que chegaram para trabalhar na Deca foram surpreendidos com a informação de que estavam demitidos. Na Nestlé, foram 18 demissões. Porém, cerca de 76 trabalhadores foram mandados embora ao longo do semestre na fábrica de laticínios.

“O gerente me disse que a Deca se preparou para um país que não veio. Esperavam um PIB de 3,2%, aguardavam que o novo governo retomaria o crescimento. Mas isso não aconteceu e a crise é profunda. Além disso, o frete está caro por causa do preço dos combustíveis e a caldeira depende de um óleo que teve aumento”, disse à reportagem o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT) sobre a reunião com o gerente industrial da Duratex, Eduardo Carobeli.

Procurada, a empresa, que funcionava no estado desde 1981, se manifestou por nota, afirmando que o fechamento ocorreu “para manter a competitividade no segmento” e pela “reduzida capacidade” da unidade”. A produção será redistribuída entre as unidades de João Pessoa (PB), Cabo de Santo Agostinho (PE), Queimados (RJ) e Jundiaí (SP).

Os demitidos devem enfrentar dificuldade em encontrar novos empregos porque as habilidades no setor são muito específicas e diferentes das necessidades do polo metalmecânico e tecnológico da cidade.

“Não caiu a ficha ainda. Tem pai de família sem trabalho com os filhos para sustentar. Ontem vieram chorando falar comigo, tem funcionário com 28 anos de empresa. Eles vão trabalhar onde? Estamos fragilizados na relação, fizeram a cabeça dos empregados contra os sindicatos, tiraram o poder de pressão”, diz Renato Reus, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vidro.

De acordo Réus, o sindicato tentou manter para os demitidos o auxílio de cesta básica e plano de saúde até o final o ano, mas não conseguiu. A Duratex afirma que “todo o processo está sendo conduzido com respeito, e a empresa está prestando todo o suporte necessário aos colaboradores impactados”.

Para o sindicato patronal, SinvidrosRS, a queda do setor da construção civil no país e a falta de competitividade do estado prejudicaram a Deca. “As dificuldades são as do estado, em razão de políticas do passado incorretas, é pouco competitivo. A maior demanda da deca vem da construção civil, onde se teve uma redução entre 30% e 40% desde o início da crise. Ainda existe estoque de imóveis prontos e não temos percebidos lançamentos novos”, explica Rafael Ribeiro, presidente da entidade.

Procurada para comentar sobre as dificuldades do estado em reter as indústrias, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo do governo de Eduardo Leite (PSDB) não respondeu até a conclusão desta reportagem.
Em Palmeira das Missões, a Nestlé chegou a ter mais de 80 funcionários contratados. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentos da região, demissões isoladas ocorreram no último semestre, com desligamento de cerca de 76 pessoas. Os 18 que restaram foram demitidos na última segunda.

“Não é fácil arranjar emprego nessa região, praticamente não tem indústria, aqui é interior”, diz o presidente do sindicato, Adenilson de Souza Dias. Procurado, o sindicato patronal, o SindilatRS, não quis se manifestar.

(Foto: EBC)

A Nestlé alega que fechou a unidade para “otimizar a logística” e que a demanda será absorvida pela unidade de Carazinho. Além disso, a empresa afirma que “será mantida a compra de leite dos atuais 127 fornecedores que possuem propriedades em Palmeira das Missões ou nas proximidades do município, com a captação média de cerca de 100 mil litros/dia”.

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RS perde 500 empregos em um único dia após fechamento de fábricas

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