Após o episódio em que um menino de 1 ano e sete meses morreu após ser esquecido pelo pai no interior de um carro na última terça-feira (26), em Curitiba, a Banda B procurou uma psicóloga para tentar entender o que aconteceu. De acordo com a Polícia Militar, o caso foi registrado como uma fatalidade. O pai não estava acostumado a levar a criança para o trabalho durante a rotina. Agora, ele deve responder por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).

Pai não estava acostumado a levar filho para o trabalho. Foto: Pixabay / Ilustrativa

Como estava acostumado a ir para o trabalho sem a criança, a mente do pai entrou em um estado de “piloto automático” e isso fez com que ele esquecesse que o filho estava dormindo no banco de trás.

De acordo com a psicóloga e professora da Universidade Positivo Janete Knapik, o cérebro humano desenvolveu uma habilidade de lidar com capacidades múltiplas. Esse comportamento pode ser aplicado para vários momentos e tem respostas distintas. Contudo, atos que são feitos diariamente podem receber menos atenção da mente humana.

“Pegar o carro, ir para o trabalho quando fazemos isso ligamos o piloto automático. São coisas que a gente faz rotineiramente. O cérebro tira o foco da situação para economizar energia”, explica

A especialista destaca que a rotina acelerada faz com que o cérebro economize e reserve energia para situações que demandem mais atenção. “A nossa rotina é numa velocidade enorme e muitas vezes não podemos enxergar e nem perceber aquele momento novo, algo diferente da rotina”.

Mudança nos hábitos

Janete explica que o mundo frenético pode ser perigoso já que o cérebro pode acabar esquecendo de tarefas importantes. “É preciso desacelerar, mudar aquilo que fazemos do mesmo jeito”.

Segundo a especialista, o excesso de tarefas interfere no metabolismo e provoca alterações hormonais, inclusive interfere na liberação do cortisol (hormônio do estresse). Uma das principais consequências dessa falta de calma está no aparecimento de doenças como depressão.

“Mudar o hábito, começar de um jeito diferente, se eu tenho que levar um livro para algo que não faz parte da minha rotina, vou deixar o livro perto da bolsa para que eu leve e não esqueça dele. Sair de casa começando por um trajeto diferente, saindo da rotina, são estratégias para que o cérebro não entre piloto automático”, recomenda