O Ministério da Saúde está em alerta com o número de casos e óbitos por dengue no Brasil. Até o fim de abril foram contabilizados 899,5 mil casos da doença no país. Número que é 30% maior do que no mesmo período no ano passado. No caso da chikungunya, o aumento no número de casos é de 40%. São 86.901 casos prováveis nos quatro primeiros meses do ano. Já o crescimento dos casos de zika é ainda maior: são 6.295 casos prováveis, 289% a mais que no mesmo período em 2021.
Na quinta-feira (4), o Ministério da Saúde lançou uma Campanha Nacional para Controle de Dengue, Zika e Chikungunya. Essas arboviroses são as doenças disseminadas por artrópodes, que são os mosquitos. No Brasil, as mais frequentes são as transmitidas pelo chamado Aedes Aegiypti.
De acordo com o Infectologista do Hospital São Marcelino Champagnat Dr. Bernardo Almeida, a dengue consiste em algumas fases clínicas principais: a primeira é a febril que dura entre três e sete dias. Além da febre, sintomas como dor de cabeça e nos olhos são comuns.
“Muitos relatam dor no fundo dos olhos, bem característico de dengue. Outros sintomas como vômito, dor muscular, articulares e manchas na pele. Nesta fase pode ser detectada a prova do laço positivo que também pode ocorrer na dengue”
Segundo o especialista, alguns exames vêm frequentemente alterados nesta fase. “Como hemograma, plaquetas, são bem comuns nesta fase. As transaminases também costumam estar alteradas e são mudanças que surgem mesmo nos casos mais leves e inspira um acompanhamento”.
Bernardo destaca que nem todos chegam a fase crítica da dengue, mas os sintomas são específicos. “São aquelas pessoas que evoluem para dengue grave em manifestações que consistem em ser mais hemorrágicas com sangramentos e em choque, que é quando a pressão cai em níveis críticos”.
Quem fica com dengue leva de dois a quatro dias para se recuperar após a fase febril. “Dependendo da gravidade pode durar mais tempo caso o tratamento seja em ambiente hospitalar ou em uma unidade de terapia intensiva”.
Quando é preciso ir para pronto-atendimento?
O médico explica que existem sinais clínicos que são alertas que tem o maior risco de evoluir para a fase crítica.
“Dor abdominal, vômitos persistentes, sangramentos, sangue na gengiva, fezes, letargia, quando você começa a ficar mais sonolento”
A queda excessiva de pressão arterial (hipotensão) é outro sinal de que é hora de procurar atendimento. “Indivíduos que tenham possibilidade de monitorar pressão arterial com equipamentos em casa podem detectar essa hipotensão postural que é quando deitado ou de pé ocorre uma alteração significativa na pressão”, diz
Eventualmente, a queda de pressão pode ser acompanhada de sintomas como tontura ou até desmaios.
Como tratar dengue?
A indicação de Bernardo é unânime: suporte e hidratação. O especialista afirma que medicações que atuem nos sintomas antitérmicos são capazes de reduzir dores musculares e articulares. “As complicações da doença ocorrem por acúmulo de líquidos por regiões do corpo onde não é habitual. Parte do líquido vem dos vasos para repor a desidratação”.
Para casos mais graves pode ser feita reposição com soro hídrico venoso, algo que pode, inclusive, ser realizado em casa. Se necessário, equipamentos hospitalares podem ser utilizados.
“Não há um antiviral que atua de forma direta do vírus, mas há outras formas de tratamento que devem ser feitos”, conclui