Dos 428 credores do Paraná Clube, 146 participaram da assembleia realizada na segunda-feira da semana passada (12), quando foi aprovada a recuperação judicial. E um olhar mais atento sobre a lista de votantes mostra que os donos das maiores dívidas do Tricolor deram um voto de confiança ao clube, aprovando a RJ, que agora está sob análise da Justiça.

Com dívidas de quase R$ 120 milhões e uma receita em 2022 de apenas R$ 6 milhões, o Paraná Clube está praticamente inviabilizado como entidade. Apenas a RJ poderia equalizar os débitos e evitar a falência. E, claro, permitir que o Tricolor possa ir ao mercado para encontrar um parceiro que queira ser dono da SAF. Este é o resumo simplificado do que os representantes paranistas disseram aos credores.

Bastidores

Na assembleia da semana passada, a aprovação teve 101 votos nominais contra 46. Cada credor “carrega” o valor de sua dívida para a votação – que, nesta média ponderada, teve 82,62% a favor da RJ proposta pelo Paraná Clube. Os dois votos “mais pesados” a favor do Tricolor foram de antigos parceiros. A i9 Football, do empresário Paulo Acadrolli, foi gestora do projeto de sócio-torcedor paranista, tem R$ 12.165.894,12 a receber, e apoiou a recuperação.

Mas o maior credor é a Base, que tocou as categorias inferiores do Paraná Clube – o valor do débito é de R$ 17.937.650,04. A empresa teve como principal financiador o empresário Renê Bernardi.

Quem foi contra o Paraná Clube

Entre os credores que votaram contra o plano de recuperação judicial do Paraná Clube, o mais veemente foi o Fluminense. O clube carioca cobra R$ 720.079,35 do Tricolor, e não aceitou os argumentos apresentados na última segunda-feira. Em uma declaração de voto em separado, o Flu criticou a possível SAF. “Esta alternativa é extremamente vaga, uma vez que a simples transformação em SAF não resolve os problemas financeiros do clube”.

Alguns dos outros votos contrários à RJ do Paraná Clube foram de representantes do técnico Gilmar dal Pozzo, do ex-médico do Tricolor Jonathan Zaze e do ex-atacante Wellington Silva (o que fez um gol de mão). Ex-dirigentes paranistas que estão entre os credores, como os ex-presidentes Aquilino Romani e Luiz Carlos Casagrande, foram favoráveis ao acordo.

A Base, empresa que foi decisiva na consolidação do Ninho da Gralha, apoia a recuperação judicial. Foto: Divulgação/PR