Último clube no Brasil a se tornar SAF, o Coritiba pode usar como exemplo outros times que seguiram esse caminho anteriormente. Um deles é o Botafoogo, que em um ano e meio se tornou Sociedade Anônima do Futebol e, neste período, de recém promovido da Série B se tornou o principal candidato ao título do Brasileirão.
Um dos integrantes dessa nova administração do time carioca é André Mazzuco, diretor de futebol que já teve passagens por outros clubes, como Santos, Cruzeiro, Vasco, Paysandu e o próprio Coxa, onde, inclusive, iniciou a carreira. Em entrevista exclusiva à Banda B, o dirigente ressaltou o que o torcedor alviverde pode esperar para o futuro com a versão SAF coxa-branca.
“O Coritiba e os outros clubes precisam pensar a longo prazo. Como SAF não tenho dúvidas que o Coritiba vai se organizar melhor, vai se estrututar, isso vai ter resultado a médio-longo prazo. Existe uma expectativa quando se chega uma SAF, todo mundo pensa em título. O Botafogo tem uma soma de fatores. Estamos liderando hoje, mas não somos campeões ainda, esperamos que dê certo, mas o nosso objetivo inicial era brigar por uma Libertadores e ir evoluindo gradativamente”, contou ele, explicando também como o sistema vem funcionando no Botafogo.
Como funciona a SAF?
O Alvinegro, aliás, vem colhendo frutos maiores do que o previsto, mas que são reflexos da forma de gestão que uma SAF impõe no clube. Mazzuco explica a segurança e tranquilidade que um dono de um time trás, acabando com decisões muitas vezes tomada pelo calor do momento.
“O grande diferencial quando se tem uma SAF, um dono do clube, é que se tem uma gestão continuada, não uma ruptura a cada três, quatro anos. As decisões acabam sendo muito mais técnicas e o clube tem a oportunidade de ter um trabalho continuado. Nas associações a gente acaba vendo a dificuldade de manter isso, mesmo dando certo, a cada nova eleição. Fora que as decisões às vezes tem interferência política”, revelou.
“No Botafogo, a relação é exclusivamente com o dono. A tomada de decisão passa pelos profissionais de cada setor, mas com a decisão final do dono e só. O Botafogo teve uma transição mais facilitada. Foi o próprio presidente quem fez todo o processo dessa mudança. Ele acompanha o futebol, lógico que não tem um peso na tomada de decisão, mas ele cuida dos 10% da associação”, acrescentou.
Coritiba precisa de pensamento a longo prazo e sem milagre
Mas, mais do que reformular a forma de como se gere o futebol, é preciso ter paciência. Ainda mais no caso do Coxa, que a SAF chegou já com o Brasileirão em andamento e não teve tempo para implementar seu trabalho, ao contrário do Botafogo, que contou com um intervalo entre o Carioca e o Campeonato Brasileiro sem jogos.
“Temos que analisar o cenário. A SAF do Coritiba iniciou mais tarde do que a do Botafogo em relação ao calendário. O Botafogo inicia o processo no final do Carioca do ano passado, tendo mais ou menos seis semanas para montar a primeira equipe do Brasileiro. Ano passado o objetivo principal do Botafogo era se manter na primeira divisão. Deu tempo e conseguimos arrumar algumas coisas. E você muda de nível de contratação de jogadores depois que vira SAF. O Coritiba, na minha visão, começa com um trabalho já iniciado e é mais difícil modificar“, falou Mazzuco.
Outro ponto fundamental é não ceder à pressão. Em situação delicada, o Alviverde luta contra o rebaixamento e a obrigação de resultados faz com que as cobranças da torcida sejam ainda maiores. Momento parecido que o líder do Brasileirão passou em alguns momentos com o ex-técnico Luis Castro, que foi bancado pela diretoria por confiar no projeto. Algo que terá que ser repetido no Coritiba para se alcançar o sucesso a longo prazo e não visando apenas o momento.
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“Apesar da nossa cultura de resultados, o meio para se chegar ao resultado é muito melhor analisado. O caso do Luís Castro é um grande exemplo. Não tenha dúvida que se fosse um clube associativo era uma mudança iminente. Entendemos que não eram essas as razões do nosso insucesso no Campeonato Carioca. Tivemos uma decisão com convicção, tivemos mais tempo e organização e conseguimos engatar as primeiras vitórias no Brasileiro”, afirmou o dirigente.

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Diretor da SAF do Botafogo fala sobre gestão e como Coritiba pode se reestruturar
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