Foram longos 360 dias até Alef Manga poder reencontrar os companheiros de Coritiba e voltar às atividades normais no CT da Graciosa. Praticamente um ano – que se prolongou – entre denúncia, julgamento, suspensão, empréstimo para o Chipre, retorno e isolamento. Até que, na última quinta-feira (26), pode voltar a ter a sensação de ir ao campo e participar de um trabalho coletivo outra vez.
Neste intervalo, muita reflexão, receios e tentativa de volta por cima. Se não podia fazer nada ligado ao futebol profissional, o camisa 11 do Coxa teve tempo de sobra para se arrepender de ter participado do esquema de manipulação de resultados em casas de apostas, quando recebeu um cartão amarelo de forma proposital.
“Sinceramente, não sei o que rolou na minha cabeça, mas fiz uma coisa gravíssima. Tenho a noção dessa gravidade, mas foram dez meses de muito aprendizado e reflexão. Tenho noção (do erro), e não é pouco. Mas são águas passadas, acho que a gente tem que seguir em frente. Foram dez meses de muita reflexão”, disse Manga, em entrevista ao ge.globo.
Medo, amadurecimento e pedido de desculpas
Desde outubro do ano passado, quando ele estava no Pafos, do Chipre, e a Fifa internacionalizou a multa e ele precisou voltar, o medo de não poder jogar mais atormentou Alef Manga, que temeu pelo fim da carreira.
“O medo foi pelo que estava por vir, principalmente a minha carreira, minha família, e claro, o clube. Sempre quis jogar no Coritiba, desde que estava no Volta Redonda, e tive a oportunidade de estar no Coxa. Fiquei com muito medo do que poderia acontecer na minha carreira. Pensei será que eu vou ser banido do futebol? Será que não vou mais poder fazer o que eu amo? Arrependimento 100%, quero voltar, dar a volta por cima, ajudar meus companheiros e o clube”, afirmou.
O jogador vem treinando normalmente no CT da Graciosa há seis dias. Um reencontro que veio depois de uma bronca pública do técnico Jorginho, que criticou o erro do jogador e que ele precisaria se desculpar com todos envolvidos com o Coritiba. Algo que Manga garantiu ter feito em uma reunião com o elenco.
“Tive a oportunidade de me reunir com os companheiros ali e falei o que estava sentindo dentro de mim. Pedi perdão a eles e à torcida coxa-branca. Questão de confiança é com tempo, trabalho e dedicação. Tenho certeza que vai dar tudo certo. Temos capacidade de conseguir o acesso”, acrescentou o atleta.
Possível reestreia no Coritiba
Mesmo com pouco tempo treinando com os demais jogadores, Jorginho deixou aberta a possibilidade de Alef Manga ser relacionado e entrar na reta final do segundo tempo contra o América-MG, sexta-feira (4), às 19h, no Independência.
O jogador, inclusive, se mostrou pronto, uma vez que vem desde março aprimorando a forma física, usando as instalações do Coxa em horário alternativo ao do elenco profissional.
“Sei que não é a mesma coisa treinar com o grupo e sozinho, tenho total consciência. Mas independente se fiquei dez meses sem jogar, o tanto que trabalhei nesses sete meses usando os equipamentos do clube, me cuidando ao máximo. Quero muito poder estar com a delegação na sexta-feira“, declarou o jogador, que tem contrato com o Alviverde até o final do ano apenas.
“Eu fico preocupado porque meu contrato está para vencer em dezembro e só vai depender de mim mesmo, tenho que demonstrar dentro de campo. Quero poder ficar bastante tempo aqui no clube, me identifiquei bastante com o Coritiba e quero continuar aqui”, completou.