O Athletico é o único clube do Campeonato Brasileiro que não tem contrato total com o Grupo Globo. Desafeto da emissora desde pelo menos 1996, o Furacão decidiu negociar apenas os jogos de TV aberta sob seu mando, sem qualquer acerto por TV fechada e pay-per-view. Com a Lei do Mandante, o Rubro-Negro é o detentor dos direitos de transmissão dos jogos na Ligga Arena – e, nos últimos anos, o repassou para a CazéTV e para a TNT, além da transmissão própria pela Rede Furacão.

Este cenário fez o clube ficar em uma posição surpreendente na distribuição dos valores do Brasileirão do ano passado. O ranking completo foi divulgado pelo UOL, e aponta os times de sempre como os que mais receberam – e o Athletico não está neste grupo. A conta une o valor das exibições na TV Globo (R$ 869,4 milhões), no SporTV (R$ 724,5 milhões) e no Premiere (R$ 541,9 mi). Portanto, um total de R$ 2,1 bilhões.

Desta grana toda, 37% (R$ 795,1 mi) fica apenas com quatro clubes – pela ordem de recebimento, Flamengo, Corinthians, Grêmio e Palmeiras. Além dos contratos “normais”, estes recebem um valor fixo da Globo pelo Premiere. Atlético-MG e Botafogo, que tiveram forte exposição em TV aberta no segundo turno do Brasileirão, vêm a seguir formando o top-6 dos clubes que mais ganharam dinheiro da televisão em 2023.

E o Athletico?

Pelo contrato feito com a Globo, pela baixa exposição em TV aberta (apenas cinco jogos exibidos em 38 rodadas) e por ter transmissões em TV fechada e pay-per-view apenas dos jogos como visitante, o Athletico acabou sendo o clube que menos ganhou dinheiro da emissora em 2023 – R$ 41,8 milhões. Em comparação, o Flamengo recebeu seis vezes e meia a mais (R$ 275,2 mi). Como o contrato tem vigência ainda neste ano, é possível que o Furacão passe pela mesma situação no Brasileirão 2024.

Athletico e Globo vivem às turras há quase 30 anos. Em 1996, o clube não permitiu que a TV transmitisse o jogo com o Atlético-MG, nas quartas de final do Brasileirão daquele ano. Meses depois, em um Globo Repórter que denunciou a corrupção na arbitragem brasileira, o presidente Mário Celso Petraglia foi citado como um dos dirigentes envolvidos no escândalo. A partir daí, o Furacão e Globo tiveram várias divididas em negociações de direitos de transmissão, tanto na Série A quanto no Campeonato Paranaense, inclusive impedindo a emissora de entrar na Arena.

Arena da Baixada, estádio do Athletico.
O Athletico recebeu menos até do que os clubes rebaixados. Foto: Arquivo