O lobby de grandes clubes não conseguiu mudar o Brasileirão. No conselho arbitral realizado na tarde desta terça-feira (14), a CBF e a maioria das equipes confirmaram a manutenção no regulamento do rebaixamento de quatro clubes para todas as séries. A reunião também serviu para o anúncio de uma nova regra de punição a atos de racismo e a ampliação do número de estrangeiros por equipe.

A onda pela mudança do número de rebaixados surgiu no final da semana, e foi revelado pelo UOL na segunda-feira (13). Ato contínuo, os vinte participantes da Série B do Brasileirão enviaram uma carta ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, contra a alteração. São Paulo e Cruzeiro, que lideravam o ‘levante’, viram o plano ruir. Além da contrariedade geral, a CBF alegou que o Estatuto do Torcedor proíbe mudanças de regulamento neste ano. E também que a mudança teria impacto em todas as divisões, o que poderia provocar uma enxurrada de processos na justiça desportiva.

Brasileirão contra o racismo

Todas as séries do Campeonato Brasileiro terão um novo protocolo de punição a atos de racismo nos estádios. A decisão foi tomada pelo presidente da CBF que preferiu “decretar” o novo regulamento do que jogar o assunto para discussão no conselho arbitral do Brasileirão – havia uma corrente de clubes que era contra.

A partir de agora, o primeiro caso de racismo acarretará em multa. No segundo, a pena será perda de mando ou jogos com portões fechados. E num possível terceiro ato racista de um mesmo clube (seja de torcedores ou dos envolvidos na partida), este clube perderá os pontos da partida. A inclusão deste protocolo vai ao encontro das resoluções do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Punições pesadas

Isto porque o Código Brasileiro de Justiça Desportiva já tem um artigo que trata de atos de preconceito de jogadores ou treinadores “em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência” pode provocar a perda de pontos em todas as séries do Brasileirão e outras competições nacionais, regionais e estaduais.

Em relação aos torcedores, o CBJD diz que “caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e, na reincidência, com a perda do dobro do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição”.

Estrangeiros

O conselho arbitral também definiu o aumento no número de estrangeiros a serem utilizados pelos clubes. Agora, poderão ser relacionados sete jogadores não-brasileiros em cada partida. O lobby pela mudança foi liderado pelo São Paulo, que no Brasileirão do ano passado teve que abrir mão de titulares por conta da regra de cinco estrangeiros.

Arbitral do Brasileirão.
Os grandes clubes queriam diminuir o número de rebaixados no Brasileirão. Foto: Divulgação/CBF