O relator do projeto de lei que altera a reforma do ensino médio, deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), afirmou nesta terça-feira (19) que a votação da matéria foi adiada e ocorrerá no começo de 2024 após um apelo do ministro da Educação, Camilo Santana.

Mendonça afirmou à Folha de S.Paulo que se reuniu nesta manhã com o ministro e com o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e que atendeu ao apelo dos petistas.

“Foi adiada a votação para o próximo ano. Camilo Santana fez um apelo, líder do governo também, porque eles querem aprofundar mais as discussões”, diz Mendonça.

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Imagem ilustrativa: Pixabay.

“Eu não quero fazer disso um debate político, ou que pareça que eu não me dispus a negociar. Temos que estreitar as distâncias entre o meu relatório e o que defende o MEC. Preferi atender o apelo para que no início do próximo ano a gente vote”, continuou o parlamentar.

A previsão era a de que o PL fosse votado em plenário nesta terça. Na semana passada, os deputados aprovaram um requerimento de urgência do projeto, sob críticas de parlamentares da esquerda. A urgência acelera a tramitação de uma matéria na Casa (uma vez que ele não é analisado em comissões e segue direto para o plenário).

O relatório de Mendonça, que foi ministro da Educação durante o governo Michel Temer (MDB) quando a reforma foi feita, amplia a carga horária da parte comum, destinada a disciplinas tradicionais, mas em um nível abaixo do que o governo Lula pretendia.

O relatório prevê também que, em uma carga horária total de 3.000 horas ao longo dos três anos da etapa, 2.100 horas sejam destinados para a parte comum. Isso representa um aumento com relação à disposição atual, que estipula 1.800 horas as disciplinas tradicionais (como português e matemática) -o restante fica para os chamados itinerários formativos.

No projeto do governo enviado ao Congresso, o MEC defendia que essa parte fosse de ao menos 2.400 horas. Essa foi a principal mudança do texto.

O relatório tira a obrigatoriedade do ensino de língua espanhola, defendida pelo texto do MEC, e coloca a oferta a critério das redes de ensino.

VAIVÉM NO ENSINO MÉDIO

Como é o Novo Ensino Médio?

Reforma de 2017 ampliou a carga horária dessa etapa de 800 horas para 1.000 horas anuais, totalizando 3.000 horas ao longo dos três anos.

Das 3.000 horas do curso, 1.800 (60%) são reservados para uma grade comum a todos, com as matérias tradicionais, como matemática e português

As outras 1.200 horas (40%) são dedicadas a disciplinas dos chamados itinerários formativos, que são opções de currículos específicos, que cada aluno deveria escolher

Qual é a proposta de alteração do MEC?

Retoma as 2.400 horas para as disciplinas regulares
Destina 600 horas para os itinerários formativos

Qual é a proposta de Mendonça e dos secretários de educação?

Define que a carga horária para as disciplinas comuns terá um piso de 2.100 horas -sendo 300 horas flexíveis, ou seja, estados podem definir se irão usá-las com a parte de formação comum ou de itinerários formativos
Destina as outras 900 horas obrigatoriamente para os itinerários formativos