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A ideia para um novo negócio muitas vezes pode começar com alguma necessidade caseira. É o caso de Julia Nycolack, que viu no filho uma oportunidade para mudar de vida. Estudante de Design de Moda, engravidou no ano de 2017. Foi Arthur quem deu o ‘start’ para a mudança profissional.

Arquivo Familiar

Arthur foi diagnosticado aos 9 meses com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e se sentia muito incomodado com as roupas do enxoval, devido ao Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) – algo muito comum em crianças com autismo. Muitas delas, por exemplo, não toleram tecidos com textura, etiquetas e estampas, que podem desencadear crises nervosas. Arthur já teve uma crise aos dois anos, quando vestiu uma camiseta cinza.

“Ele começou a chorar e a puxar, mas puxar muito a camiseta. Começou a se rastejar pelo chão, tentava subir nas nossas pernas.”

– conta a designer empreendedora

Depois de alguns momentos de pânico, a Júlia tirou a camiseta do filho e ele respirou, sentou e se acalmou.

“Foi como se tirasse ele de um incêndio, então percebi o quanto era real. Hoje consigo compreender que a crise aconteceu porque a camiseta tinha um tecido texturizado e a gola, em v, não tinha um acabamento de costura limpo, tinha sobras de tecido além da costura.”

– explica Júlia

Ainda universitária, a mãe focou nos estudos para entender os transtornos e direcionou a vida acadêmica a fim de encontrar soluções para o que incomodava o filho, hoje com 5 anos. As pesquisas resultaram no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dela e seguiu para a prática – confecção das primeiras peças adaptadas sem etiquetas e estampas que não sentidas ao toque e, ingresso no mundo empreendedor.

Após o apoio da universidade para a pesquisa e desenvolvimento das primeiras peças, a venda é realizada pelas redes sociais de forma personalizada, por não ter produtos para pronta entrega.

A Júlia explica que isso não ocorre só em crianças, a diferença é que com o tempo vamos encontrando estratégias, fazendo as nossas próprias escolhas.

“Se uma calça apertada te causa desconforto, você vai até a loja e compra uma larga. Usa apenas calças largas. Existe uma comunicação mais eficiente com o avançar das terapias que auxiliam na disfunção, assim como uma tolerância maior”.

Pontua a mãe designer

Segue as dicas de Júlia:

  • Equilíbrio! Empreendedor é ser humano, não máquina. Precisamos de pausa! Ter uma agenda bem definida, estipular prazos reais e cumpri-los, ter muito claro o que é inegociável para você e sua saúde mental;
  • Só confie em contrato assinado. Falar, muita gente fala. Se fazer de boa gente, também. Mas a realidade do mundo de negócios não é essa. É um tanque de tubarões e quem está começando, é apenas um peixinho. Existem tubarões que vão te alimentar e te proteger (como a comunidade empreendedora), e eles vão te ajudar a chegar lá de forma saudável, mas desenvolva a capacidade de ver quem são eles bem rápido, ou o caminho vai ser muito mais difícil;
  • Networking! Existe um know how que nenhuma teoria te ensina, é preciso estar para ser. Deixa a vergonha e o medo em casa, e vai! Construir pontes te leva mais rápido e de forma mais assertiva ao seu objetivo, e se você assim como eu não tem essa opção na sua bolha, existem muitos eventos pela cidade, incríveis e gratuitos pra isso!

Confira os produtos confeccionados em @ticoetica.sensory.

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