Nesta sexta-feira (5), o dólar teve mais um pregão de forte queda, com recuo de 2,86%, a R$ 4,9860. Esta é a primeira vez que a divisa fecha abaixo de R$ 5 desde que superou a marca em 16 de março. Na semana, a queda é de 6,58%, a quinta maior da história do real, perdendo apenas para períodos em 2008 e 2002, anos de estresse no câmbio.
Nesta semana, dados econômicos vieram melhor do que o esperado por economistas alimentando a expectativa de que o pior da crise do coronavírus já tenha passado e que a recuperação pode ser mais rápida do que anteriormente projetado.
“Quando a gente observa o mercado financeiro americano, a recuperação das Bolsas foi em V. E a recuperação do Ibovespa também pode ser em V. O cenário, porém, ainda é ruim. Não é que tudo mudou e está tudo lindo. A recuperação em V na economia é mais difícil, mas mais factível nos EUA do que no Brasil”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
O otimismo de investidores nesta sessão reflete a inesperada criação de empregos nos Estados Unidos em maio.
O relatório mensal de emprego do Departamento do Trabalho americano também mostrou que a taxa de desemprego caiu a 13,3% no mês passado de 14,7% em abril, uma máxima pós-Segunda Guerra. Essa leitura veio na esteira de pesquisas que mostraram estabilização na confiança do consumidor, na manufatura e nos serviços.
As condições econômicas melhoraram consideravelmente depois que as empresas reabriram após terem que ser fechadas em meados de março para conter a disseminação da Covid-19.
Foram criadas fora do setor agrícola 2,509 milhões de vagas no mês passado, após fechamento recorde de 20,687 milhões em abril.
Economistas consultados pela Reuters previam que a taxa de desemprego subiria para 19,8% em maio e que os EUA fechariam 8 milhões de postos de trabalho.
Na Europa e na China os indicadores também sinalizam uma recuperação a economia, a medida que as atividades são retomadas com o declínio no número de novos casos de Covid-19.
A mudança de perspectiva levou a Bolsa de tecnologia Nasdaq, em Nova York, bateu sua máxima histórica intradiária, a 9.845 pontos. No fechamento, porém, ficou levemente abaixo do recorde de fevereiro (9.817), com alta de 2%, a 9.814 pontos.
No Brasil, o Ibovespa fechou em alta de 0,86%, a 94.637 pontos. A valorização do índice perdeu força ao longo do pregão com a desvalorização de empresas exportadoras diante da queda do dólar.
Desde sua mínima em março, após seis circuit breakers, a Bolsa sobe 35,7%. Nesta semana, a alta é de 8,3%, apagando as perdas desde 6 de março.
Além do investidor pessoa física, que amplia sua compra de ações, os estrangeiros explicam a valorização.
Com a perda de valor do real e a queda da Bolsa, os papéis das companhias brasileiras ficaram muito baratos aos olhos do investidor estrangeiro, que voltou às compras. Segundo dados da B3, junho é o primeiro mês no ano com entrada líquida de capital externo.
Depois de meses com o pior desempenho dentre todas as moedas globais, o real se recuperou nesta semana em relação ao dólar e saiu da lanterna, agora ocupada pela rupia de Seychelles, seguida da kwacha de Zâmbia.
Em 2020, o real tem a terceira maior desvalorização, sendo o pior emergente. O mérito da recuperação, porém, é do dólar, que perdeu força internacional. Por ser um ativo de segurança, a divisa americana tende a se desvalorizar quando o mercado está mais disposto a tomar risco.
Após ir ao recorde nominal (sem contar a inflação) de R$ 5,90 em 13 de maio, o dólar segue em queda livre, com recuo de 15,5% desde então.
“A melhor da mercado Brasileiro é consequência, não causa. O que move a queda do dólar é lá fora, com a retomada das economias desenvolvidas. Os dados de trabalho de hoje mostram que talvez não seja tão difícil para os EUA sair do buraco”, diz Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da corretora NGO.
Outro fator para a melhora dos mercados financeiros é a grande injeção de capital dos principais Bancos Centrais e grandes pacotes de estímulos das principais economias globais, o que levou a um excesso de liquidez nos mercados.
Como a renda fixa teve seu retorno comprometido com juros próximos de zero, investidores alocam capital em ativos mais arriscados, como países emergentes.
“Com o dólar alto, a Bolsa brasileira está barata, o que provocou uma mudança de olhar do estrangeiro sobre nós. A atração está na oportunidade, pois o Brasil continua ruim como antes. Mas, agora, tem ações de companhias interessantes baratas. Este fluxo deve seguir até que as ações fiquem caras ou o real forte demais. É um otimismo com data de validade”, afirma Nehme.
Números do mercado financeiro:
DÓLAR
compra/venda
Câmbio livre BC – R$ 4,9769 / R$ 4,9775 **
Câmbio livre mercado – R$ 4,984 / R$ 4,986 *
Turismo – R$ 4,560 / R$ 5,282
(*) cotação média do mercado
(**) cotação do Banco Central
Variação do câmbio livre mercado
no dia: -2,860%
OURO BM&F
R$ 266,95
BOLSAS
Bovespa (Ibovespa)
Variação: 0,86%
Pontos: 94.637
Volume financeiro: R$ 38,742 bilhões
Maiores altas: Azul PN (13,60%), Yduqs ON (10,25%), GOL PN (9.51%)
Maiores baixas: BRF SA ON (-3,45%), Klabin S/A UNT (-3,30%), TOTVS ON (-1,77%)
S&P 500 (Nova York): 2,62%
Dow Jones (Nova York): 3,15%
Nasdaq (Nova York): 2,06%
CAC 40 (Paris): 3,71%
Dax 30 (Frankfurt): 3,36%
Financial 100 (Londres): 2,25%
Nikkei 225 (Tóquio): 0,74%
Hang Seng (Hong Kong): 1,66%
Shanghai Composite (Xangai): 0,40%
CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,48%
Merval (Buenos Aires): 3,33%
IPC (México): 2,84%
ÍNDICES DE INFLAÇÃO
IPCA/IBGE
Fevereiro 2019: 0,43%
Março 2019: 0,75%
Abril 2019: 0,57%
Maio 2019: 0,13%
Junho 2019: 0,01%
Julho 2019: 0,19%
Agosto 2019: 0,11%
Setembro 2019: -0,04%
Outubro 2019: 0,10%
Novembro 2019: 0,51%
Dezembro 2019: 1,15%
Janeiro 2020: 0,21%
Fevereiro 2020: 0,25%
Marco 2020: 0,07%
Abril 2020: -0,31%
INPC/IBGE
Fevereiro 2019: 0,54%
Março 2019: 0,77%
Abril 2019: 0,60%
Maio 2019: 0,15%
Junho 2019: 0,01%
Julho 2019: 0,10%
Agosto 2019: 0,12%
Setembro 2019: -0,05%
Outubro 2019: 0,04%
Novembro 2019: 0,54%
Dezembro 2019: 1,22%
Janeiro 2020: 0,19%
Fevereiro 2020: 0,17%
Março 2020: 0,18%
Abril 2020: -0,23%
IPC/Fipe
Fevereiro 2019: 0,54%
Março 2019: 051%
Abril 2019: 0,29%
Maio 2019: -0,02%
Junho 2019: 0,15%
Julho 2019: 0,14%
Agosto 2019: 0,33%
Setembro 2019: 0,00%
Outubro 2019: 0,16%
Novembro 2019: 0,68%
Dezembro 2019: 0,94%
Janeiro 2020: 0,29%
Fevereiro 2020: 0,11%
Março 2020: 0,10%
Abril 2020: -0,30%
IGP-M/FGV
Fevereiro 2019: 0,88%
Março 2019: 1,26%
Abril 2019: 0,92%
Maio 2019: 0,45%
Junho 2019: 0,80%
Julho 2019: 0,40%
Agosto 2019: -0,67%
Setembro 2019: -0,01%
Outubro 2019: 0,68%
Novembro 2019: 0,30%
Dezembro 2019: 2,09%
Janeiro 2020: 0,48%
Fevereiro 2020: -0,04%
Março 2020: 1,24%
Abril 2020: 0,80%
IGP-DI/FGV
Fevereiro 2019: 1,25%
Março 2019: 1,07%
Abril 2019: 0,90%
Maio 2019: 0,40%
Junho 2019: 0,63%
Julho 2019: -0,01%
Agosto 2019: -0,51%
Setembro 2019: 0,50%
Outubro 2019: 0,55%
Novembro 2019: 0,85%
Dezembro 2019: 1,74%
Janeiro 2020: 0,09%
Fevereiro 2020: 0,01%
Março 2020: 1,64%
Abril 2020: 0,05%
SALÁRIO MÍNIMO
Janeiro 2020: R$ 1.039,00
Fevereiro 2020: R$ 1.045,00
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