É cada vez mais latente a necessidade de transformar o meio em que vivemos em um modelo mais sustentável, inclusivo e responsável em todos os âmbitos sociais, principalmente o empresarial. Por isso, o ESG (siga em inglês para Environmental, Social, Governance) é amplamente discutido e urgente nos dias de hoje. Com o intuito de inspirar empresários paranaenses sobre o tema, aconteceu nesta terça-feira (8) o ESG Day, evento que trouxe especialistas para debater sobre estratégias, táticas e soluções a respeito do assunto.

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Um dos pontos destacados foi a preocupação com a emissão de carbono e a importância da descarbonização, processo fundamental e urgente na busca por mitigar as mudanças climáticas e alcançar um futuro mais sustentável ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2), provenientes de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, a produção industrial e o desmatamento.

“O carbono vai representar para todas as empresas um custo crescente. É também o grande tema de ESG da humanidade. Reduzir carbono é uma obrigação dos países e empresas que investem nisso estão obtendo resultados importantes para o seu negócio”, explica Ricardo Votolini, CEO e fundador da consultoria Ideia Sustentável. Segundo publicação feita pela United Nations Office for Disaster Risk Reduction, entre 2000 e 2019 os eventos climáticos extremos geraram perdas econômicas em torno de US$ 2,97 trilhões para a economia mundial.

Votolini foi o convidado que abriu o evento, ministrando a palestra “Como o ESG gera valor para a sua empresa?”, onde mostrou como as ações voltadas para o ambiental, social e governança trazem benefícios para todo o ecossistema de uma empresa, independentemente de seu tamanho. Ainda apresentou cases de sucesso no país e chamou atenção para o “green washing”, termo usado para descrever companhias que trazem afirmações falsas sobre suas atitudes em relação a sustentabilidade e práticas ecológicas.

“O ESG gera valor também para a marca, para sua reputação e imagem. Desde que a empresa esteja comunicando aquilo que ela efetivamente faz, pois o contrário é mentira, é green washing.”, finaliza Ricardo Votolini.

Depois da palestra magna, o evento trouxe três painéis que abordaram separadamente as siglas que compõe o conceito “Ambiental, Social e Governança”. Sob o tema Ambiental, o primeiro painel, intitulado “Desafios das Questões Ambientais na Cadeia de Valor dos Negócios”, teve como mediador Ricardo Assumpção, especialista em liderança em sustentabilidade, ao lado dos painelistas de João Zeni, Diretor de Sustentabilidade para Electrolux América Latina, Mariana Schuchovski, Doutora em Ciências Florestais, Laurence Tataren, CEO da THX Group e Ricardo Cansian, Diretor presidente do Grupo RAC.

Assumpção destacou que o ESG não é um problema individual e trouxe o questionamento sobre o crescimento do conceito nas empresas. “O ESG vai muito além dessas três letras. A gente escuta falar muito, mas ainda têm dificuldade em entender como aplicar, como isso vai impactar. Apesar de crescer, não tem sido integrado de fato nas estratégias corporativas. A quantidade de empresas que reportam

sustentabilidade dobra a cada ano, a quantidade de empresas que reportam no TCFD também cresce todo ano. Porém a quantidade de empresas que integram o ESG na sua estratégia é estável. É um dado que preocupada, principalmente quando falamos em mudanças climáticas”, explica.

Com o tema “Social”, o segundo painel “Diversidade e inclusão: prática X teoria”, teve como mediador Ivan Lima, Presidente do LIDE Equidade Racial, e como painelistas a economista Dirlene Silva, Caique Ferreira, Diretor de Comunicação da Renault do Brasil e vice-presidente do Instituto Renault, Débora Ebert Etges, Gestora de talentos, diversidade e desenvolvimento do RH da ENGIE Brasil Energia, e Luisa Nastari, Superintendente da área de Governança e Sustentabilidade da Copel.

Durante esse momento, os representantes das empresas compartilharam como os projetos e ações voltados para a sociedade foram concebidos e quais foram os resultados alcançados. Por outro lado, Dirlene Silva trouxe uma perspectiva diferente. “Eu sou um exemplo do que as oportunidades podem fazer na vida das pessoas. Eu me autodenomino diversidade, pois sou mulher e negra por nascimento. No entanto, é recente o tempo em que estamos falando sobre diversidade e inclusão, com essa discussão ganhando força no Brasil há apenas 5 anos, e o verdadeiro impulso aconteceu durante a pandemia. Criar um senso de pertencimento envolve conceder voz às pessoas, é integrá-las. Minha vida foi transformada através da educação por meio de uma oportunidade que tive, mas os impactos não se restringiram apenas a mim; minha família e meu círculo social também foram beneficiados”, compartilhou Silva. Além de sua experiência, ela também é fundadora e CEO da DS Estratégias & Inteligência Financeira.

Por fim, o painel de “governança” discutiu o “Papel da liderança na promoção de uma Cultura Sustentável”, mediado por José Damigo, conselheiro, consultor e mentor de Famílias Empresárias nos temas de Governança, Sucessão e Planejamento Patrimonial, e com os painelistas Glaucia Térro, coordenadora do curso de Comitê ESG do IBGC, Daniela Garcia, CEO do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Adeodato Volpi, CEO da Ligga, e Ingo Reis, diretor administrativo da Unicred União.

O destaque deste foi o conceito de capitalismo consciente. “O Capitalismo Consciente defende que as empresas têm a responsabilidade de se voltar para a sociedade civil. Cada empresa possui um contrato social que não se restringe a ela própria, mas envolve a todos e à sociedade como um todo, e é crucial lembrarmos disso constantemente. No nosso instituto, acreditamos que tudo tem início com uma sólida governança e uma visão estratégica para determinar como, a partir dessa base, os aspectos ambientais e sociais serão cumpridos. O atual modelo de capitalismo deixou feridas abertas, mas a iniciativa privada tem o poder de minimizá-las”, afirma Garcia.

O evento ainda contou com a presença do vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, que na oportunidade destacou os projetos de ESG da cidade, como as Hortas Comunitárias, projeto de agricultura urbana que apoia o cultivo em vazios urbanos da cidade por cidadãos e entidades sociais, ao passo que também proporciona a melhoria na alimentação, no tratamento da saúde emocional e ocupação social.

“Curitiba foi reconhecida como a cidade mais sustentável e inovadora da América Latina. São diversas as iniciativas em governança e inclusão social, e gostaria de destacar duas delas: o projeto pioneiro do novo bairro da Caximba, que representa o maior empreendimento socioambiental da história recente da cidade. Esse projeto visa realocar, com investimentos internacionais, cerca de 1600 famílias que atualmente vivem em condições de vulnerabilidade social nas margens do Rio Barigui. Além disso, temos

o exemplo da fazenda solar no Aterra da Caximba, uma área que estava inativa há muitos anos. Nossa solução inovadora foi instalar painéis solares que geram energia equivalente a metade dos gastos com energia dos prédios públicos da cidade. No próximo investimento, nosso objetivo é atingir a meta de 100% de energia sustentável”, revela Pimentel.

Para finalizar, o LIDE Paraná escolheu a ONG Instituto Incanto como beneficiária das ações sociais do grupo. Essa organização transforma a vida de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio da cultura, arte e novas tecnologias. A cada ano, uma entidade é selecionada para receber esse apoio, demonstrando o compromisso do LIDE em fazer uma diferença positiva na comunidade.

“É de extrema importância testemunhar a união das empresas em prol de iniciativas que transcende o mero lucro, concentrando-se em trazer melhorias para o ambiente em que vivemos e deixar um legado significativo para as gerações vindouras. Ao elaborar a agenda de hoje, em colaboração com a ADVB, nos inspiramos na Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 17, que reforça a parceria global para o progresso sustentável. Trouxemos esse tema para a realidade do nosso estado, buscando impulsionar ações concretas.”, explica Heloisa Garret, presidente do LIDE PARANÁ.

O conceito de ESG é uma agenda que faz parte das discussões do LIDE Paraná há mais de uma década. O grupo possui um comitê exclusivamente dedicado a esse tema, onde são debatidas, desenvolvidas e implementadas iniciativas que abordam essa questão, envolvendo todos os membros filiados e autoridades do setor.

Para quem deseja conhecer mais detalhes sobre o evento e ter acesso completo ao conteúdo, o material está disponível no canal do YouTube da instituição por meio do seguinte link: https://www.youtube.com/@lideparana.

*Todo o lixo orgânico produzido durante o evento será 100% reutilizado.