O setor automotivo, já abalado pela crise argentina, está prestes a sofrer mais um golpe. O governo americano anunciará em breve resulta- do de investigação do Depar- tamento de Comércio que pode resultar em barreiras sobre a importação de autopeças e carros de vários países, inclusive do Brasil.

Segundo levantamento da consultoria Barral M. Jorge, o país perderia US$ 115 milhões em exportações entre 2019 e 2023 (o equivalente a R$ 88 milhões p0r ano) com essas barreiras .

As exportações de autopeças concentram as maiores perdas, de US$ 100 milhões. As de carros teriam US$ 15 milhões de impacto, embora o Brasil, hoje, não tenha nenhum modelo vendido para os EUA.

Foto: EBC

Mas isso no melhor cenário, caso o Brasil consiga negociar acordo semelhante ao de 2018. No ano passado, o presidente Donald Trump impôs tarifas sobre aço e alumínio importados de vários países , incluindo o Brasil, com base na Seção 232 da Lei de Expansão de Comércio de 1962.

Essa seção estabelece que os EUA podem criar barreiras se o Departamento de Comércio concluir que um produto está sendo importado em quantidades ou circunstâncias “que ameaçam a segurança nacional”.

O conceito amplo permite diversas interpretações –seriam indústrias estratégicas para a segurança nacional do país, que não podem ficar enfraquecidas ou ser ameaçadas por causa de aumento nas importações.

No caso do aço, a tarifa imposta inicialmente era de 25%. Mas o Brasil negociou e trocou por cotas equivalen- tes à média das exportações de 2015 a 2017, no caso dos aços semiacabados(80% das vendas) e limitados a cota de 70% da média dos três anos no caso dos aços acabados. O alumínio ficou com a sobretaxa de 10%.

O relatório sobre o setor automotivo foi concluído pelo Departamento de Comércio em fevereiro, usando a mesma seção 232, e deve ser anunciado em breve.

O Brasil exportou US$ 1,108 bilhão em autopeças e cerca de 200 veículos BMW para o mercado americano no ano passado.

O impacto calculado pela consultoria parte do pressuposto de que o Brasil conseguiria negociar cotas semelhantes às acordadas para o aço em 2018. Mas a investigação corre em sigilo, portanto ainda não se sabe que tarifas seriam propostas, nem quais produtos seriam atingidos.

Segundo a última versão do relatório do Departamento de Comércio, uma ideia é impor tarifas apenas sobre itens de alta tecnologia dos veículos, mas outra opção é baixar sobretaxas de 20% a 25% para automóveis e autopeças, indiscriminadamente.

Segundo Barral, apesar de o impacto sobre as exportações não ser tão acentuado, as perdas serão maiores porque as cotas criam um clima de incerteza, reduzem a rentabilidade das montadoras e afetam os planos de produção.

Se uma indústria trabalha com estoque baixo, por exemplo, a possibilidade de precisar conseguir licenças de importação ou ter atrasos na importação de peças representa um grande custo.

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Abalado pela Argentina, setor de autopeças teme sofrer baque dos EUA

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