A morte de Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, completa um mês nesta terça-feira (25). O adolescente foi baleado durante abordagem da Guarda Municipal (GM) de Curitiba, no bairro Campo Comprido. Inicialmente, a corporação informou que Caio reagiu a uma abordagem, mas provas coletadas durante a investigação contestam a versão e apontam para uma versão desastrosa dos agentes.
De acordo com a Prefeitura de Curitiba, que foi procurada pela reportagem da Banda B, a Corregedoria da GM concluiu a sindicância administrativa investigatória, que apontou indícios de irregularidades.
“Por isso, o caso foi encaminhado para a Comissão de Processo Disciplinar para instauração de processo contra os servidores envolvidos. Os três guardas municipais seguem afastados”, cita a nota.
Caio estudava no Colégio Estadual Júlia Wanderley, no bairro Batel, e não tinha passagens pela polícia. Ele trabalhava como jovem aprendiz em uma empresa de telemarketing, onde recebia cerca de R$600 por mês.
Ele passava o fim de semana na casa de um amigo, quando acabou morto.
Um mês depois, a reportagem também procurou a Polícia Civil, que não se manifestou sobre o caso até o momento.
Arma plantada
Na delegacia, o guarda municipal Anderson Bueno disse que a faca apontada como do adolescente foi plantada no local do crime.
Ele contou que a equipe parou para abordar suspeitos, numa decisão tomada pelo guarda Edilson Pereira da Silva, mas que não havia denúncia de tráfico no local. Segundo o guarda, Caio não estava junto com os três no momento da ação.
Anderson afirmou aos investigadores da Polícia Civil que os dois colegas teriam plantado uma faca na cena do crime para justificar uma eventual defesa.
Câmeras
Durante as investigações, a Guarda Municipal (GM) admitiu que as câmeras acopladas às fardas dos agentes estavam ligadas, porém não foram acionadas.
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa, o comandante da GM, Carlos Celso Santos Junior, confirmou que os agentes possuíam câmeras nos uniformes, mas erraram ao não acioná-la e também ao não comunicarem a ocorrência ao Centro de Controle e Operações Muralha Digital (CCOMD), o qual tem autonomia para ligar o equipamento caso o guarda não consiga.
Caso Caio
Caio foi morto no último dia 25 de março, no bairro Campo Comprido. Inicialmente, a GM afimou que ele teria sido atingido após reagira a uma abordagem. Questionamentos da família, porém, apontaram para o possível crime. Um protesto foi realizado no dia 28 de março.
Segundo os depoimentos, Caio não investiu contra a equipe com uma faca. Ele também não teria reagido e já estava no chão quando houve o disparo.